Após 12 anos, Galícia e Ypiranga reeditam o “Clássico de Ouro” pela Série B do Baiano; veja retrospecto

O futebol baiano se prepara para um momento histórico neste domingo (25), com a reedição de um dos seus confrontos mais emblemáticos. Após mais de uma década, Galícia e Ypiranga voltam a se enfrentar no futebol profissional, revivendo o tradicional “Clássico de Ouro”, válido pela quinta rodada da Série B do Campeonato Baiano. O último duelo profissional entre o Azulino e o Tricolor de Salvador ocorreu em 2012, marcando um hiato na rivalidade que moldou o esporte no estado.

Apelidado de “Clássico de Ouro”, o embate remonta a uma era de protagonismo dos dois clubes, especialmente entre as décadas de 1920 e 1940. Nesse período, Galícia e Ypiranga se consolidaram como potências locais, dominando os campeonatos e protagonizando decisões memoráveis na fase inicial do futebol baiano.

Diferentemente de seus encontros históricos, a partida deste domingo terá um palco inédito: a Arena Cajueiro, em Feira de Santana. A mudança se deve ao fato de o Estádio de Pituaçu, em Salvador, ainda aguardar a conclusão de vistorias para sua regularização total.

A expectativa para o jogo é alta, mesclando o valor histórico da rivalidade com a urgência da disputa por pontos na Série B. Ambas as equipes entram na rodada com o objetivo claro de ingressar no G-4, zona de classificação para a fase decisiva da competição, que leva à briga direta pelo acesso à elite do futebol baiano.

Apesar de passarem por processos de reconstrução, Galícia e Ypiranga ostentam trajetórias de peso. O Ypiranga é o terceiro clube com mais títulos baianos, somando 10 conquistas e ficando atrás apenas de Bahia e Vitória. Já o Galícia, conhecido como “Demolidor de Campeões”, acumula cinco taças estaduais e uma tradição centenária que o firmou como um dos grandes do século passado.

O histórico do confronto reforça a magnitude da rivalidade: em 141 partidas oficiais, o Galícia leva vantagem com 59 vitórias contra 45 do Ypiranga, além de 37 empates. O encontro mais recente registrado data de 2013, também pela Série B do Baiano, quando o Galícia levou a melhor por 2 a 1, em jogo disputado no estádio Jóia da Princesa.

Nos bastidores, dirigentes dos dois lados refletem sobre a dualidade do clássico: a celebração da rica história e a necessidade imediata de desempenho na Série B. Pelo Galícia, o diretor de futebol Jayme Brandão destacou a importância da recuperação após um revés na rodada anterior. "Vimos de uma derrota, sabemos a importância desse clássico pela tradição e pela tabela. Precisamos vencer para não perder contato com os líderes", afirmou, lamentando a realização do jogo fora da capital, o que, em sua visão, diminuiria o apelo para as torcidas. "Seria melhor em Salvador pelo apelo, mas a rivalidade segue viva mesmo em Feira", acrescentou.

Do lado do Ypiranga, que marcou seu retorno ao profissionalismo este ano, o discurso do diretor técnico Dado Cavalcanti, ex-treinador do Bahia, equilibra o peso histórico com a análise da disputa atual. "É um jogo com simbolismo enorme para quem conhece o futebol baiano. Mas é também um confronto direto por uma vaga no G-4. Temos favoritos claros como Fluminense, Bahia de Feira e Itabuna, e a quarta vaga está em aberto, com Ypiranga e Galícia brigando ponto a ponto", analisou. O clube, no entanto, adota uma postura cautelosa quanto ao acesso imediato. O gerente de futebol Daniel Brugni explicou anteriormente que o foco é construir um projeto de médio/longo prazo, com um elenco jovem (majoritariamente sub-23 e sub-20) e folha salarial modesta. "Nossa proposta é oportunizar e desenvolver, buscando um caminho sustentável. Não abrimos mão do acesso, mas sabemos que não somos favoritos", pontuou Brugni.

Na prática, o confronto entre Galícia e Ypiranga vale mais do que três pontos na tabela. Para quem vencer, a porta do G-4 se abre com mais força. Para o perdedor, o acesso pode ficar mais distante. O jogo está marcado para as 15h e terá transmissão pela TV do Zé, no YouTube.