Câmara: Mesa Diretora adia punição a deputados bolsonaristas após tumulto no plenário

Publicado em 09/08/2025 às 22:06:01
Câmara: Mesa Diretora adia punição a deputados bolsonaristas após tumulto no plenário

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, enfrenta uma nova derrota em sua gestão. Na sexta-feira (8), a Mesa Diretora da Casa adiou a decisão sobre a punição a parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro que ocuparam o plenário, impedindo os trabalhos legislativos por 30 horas.

A proposta de Lira era enviar os casos diretamente ao Conselho de Ética, sem passar pela Corregedoria, em um rito mais rápido, similar ao aplicado a outros deputados. No entanto, a ideia não obteve consenso entre os membros da Mesa.

Diante da falta de unidade, os deputados decidiram enviar os casos protocolados contra 14 parlamentares bolsonaristas para a corregedoria. Somente após a análise deste órgão e o envio de um parecer à Mesa é que a Câmara decidirá se sugere o afastamento ao Conselho de Ética.

Um aliado de Lira minimiza o revés, classificando a decisão como a "solução possível" para a delicada situação. Ele ressalta, contudo, a necessidade de ações mais firmes para coibir comportamentos que ameaçam o controle do plenário, sob o risco de fragilizar a liderança do presidente da Câmara.

Por outro lado, um integrante da Mesa defende a decisão colegiada, argumentando que a inclusão de mais uma instância de análise preservará os deputados e dará maior respaldo para a deliberação das punições, evitando decisões precipitadas e injustas que poderiam acirrar os ânimos na Casa.

A análise pela corregedoria, prevista em ato da Mesa, deve ser concluída em até 48 horas. O corregedor, deputado Diego Coronel, afirmou que será notificado oficialmente na segunda-feira (11) e que reunirá a Mesa para entender a representação e iniciar a análise técnica.

Uma resolução aprovada no ano passado determina que a Mesa tem cinco dias úteis para oferecer a suspensão cautelar do mandato. Com o motim ocorrido na quarta-feira (6), a Mesa tem até o dia 13 para deliberar. Nos bastidores, porém, parlamentares consideram a possibilidade de os processos serem analisados no rito normal do Conselho de Ética, que pode se arrastar por meses.

Críticos avaliam que a não imposição da posição de Lira pode fragilizar sua liderança e prejudicar a imagem do Congresso, especialmente após ameaças de punição que não foram concretizadas.

Na quarta-feira, Lira havia divulgado um comunicado afirmando que condutas que impedissem as atividades legislativas estariam sujeitas à suspensão cautelar do mandato por até seis meses. No dia seguinte, ele declarou que providências seriam tomadas ainda na quinta-feira, o que não ocorreu.

Em entrevistas recentes, Lira expressou a intenção de punir parlamentares que "se excederam para dificultar o reinício dos trabalhos", ressaltando a gravidade dos fatos e a necessidade de uma abordagem pedagógica para evitar a repetição de tais incidentes.