Daniel Cady: nutricionista alerta sobre controle rígido na alimentação de adolescentes e influências da publicidade

Publicado em 28/10/2025 às 20:04:22
Nota Baiana

O nutricionista Daniel Cady abordou nesta segunda-feira (27) as complexidades que os pais brasileiros enfrentam ao tentar garantir uma alimentação saudável para seus filhos. Em entrevista ao podcast Vida em Equilíbrio, do BN, Cady destacou as dificuldades inerentes ao controle do que as crianças e adolescentes consomem.

O especialista aconselhou os pais a adotarem uma abordagem menos rígida com adolescentes, especialmente em situações sociais como festas, visando preservar o relacionamento familiar. Ele também ressaltou o impacto significativo da publicidade de alimentos ultraprocessados nessa faixa etária.

"Adolescente é o seguinte ao meu ver, dentro de sua casa você [pais] é um exemplo. Siga fazendo o que você acha melhor e torcendo para que eles comam o que tem em casa. Evite ter em casa um sonho, enroladinho, uma garrafa de refrigerante na porta. Mas quando seus filhos estiverem na rua, em uma festa, finge que você não vê, faça vista grossa. Não fique no pé, pois isso vai desgastar a sua relação com seus filhos. Infelizmente, essa é a faixa etária que recebe de forma mais pesada a publicidade de comida ultraprocessada", explicou.

O marido de Ivete Sangalo compartilhou uma vivência pessoal com seu filho, Marcelo Sangalo, de 16 anos. Cady revelou que, em sua infância, tentou controlar de forma rigorosa a alimentação de Marcelo.

No entanto, ao ingressar na escola, Marcelo passou a ter contato com alimentos consumidos por colegas (salgadinhos, doces). Ele foi exposto a esses produtos pela primeira vez e chegou a comer a comida de seus amigos. Foi nesse momento que o pai de Marina e Helena percebeu o equívoco de sua abordagem excessivamente controladora, pois o garoto não estava preparado para lidar com a exposição a esses alimentos fora do ambiente doméstico.

"Eu apertava muito a mente dele [Marcelo Sangalo], quando ele ainda era pequeno, tentando controlar. Ele com 3 anos de idade, quando entrou na escola, eu mandava o lanche dele e ele viveu dentro de uma bolha. Chegou na escola, o lanche dele era uma banana, uma maçã e umas castanhas de caju, um mix de castanhas. Ele comia isso e não reclamava. Quando chegou na escola uma vez, primeiro dia de aula, a professora me chamou e falou que Marcelo estava comendo a comida dele e de todos os colegas, saia catando o que sobrou. Aí eu, na minha ignorância, na minha visão míope, achei que ele estava com fome. E não era fome, é porque ele estava sendo apresentado [a outros alimentos]. Tinha colegas dele que comiam batata, salgadinho, bolo com cobertura de brigadeiro, que é uma coisa que ele comia de vez em quando em aniversário. Ele pensou que a banana com a maçã não tinha graça. Depois fiz palestra na escola, enfim, acabei privando meu filho durante um tempo de resistir. É importante ter um meio termo, uma flexibilidade”, relembrou Cady.