Ex-presidente do Bahia e dono de cinco times, Guilherme Bellintani mira clube português
A experiência de liderar a transformação do Esporte Clube Bahia em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) impulsionou Guilherme Bellintani a enveredar por um novo caminho no futebol. Após conduzir a negociação que culminou na venda de 90% da SAF tricolor para o Grupo City em 2022, o ex-presidente do clube baiano fundou a Squadra Sports, uma plataforma voltada para a gestão multiclubes.
Em entrevista ao site ge.globo, Bellintani abordou amplamente o tema das SAFs, área na qual se tornou referência. Desde que deixou a presidência do Bahia no final de 2022, ele passou a gerir cinco clubes: o Londrina (PR) e o Linense (SP) no futebol profissional, e o VF4 (PB), o Ypiranga (BA) e o Conquista (BA) nas categorias de base. O grupo negocia ainda a aquisição de uma equipe em Portugal.
A meta da Squadra, segundo Bellintani, é se consolidar como um dos principais exportadores de jogadores do Brasil. "O projeto está no primeiro ciclo de seis anos, de 2025 a 2030. Queremos chegar a mil atletas integrados à plataforma", declarou o empresário.
O modelo de SAF tem ganhado força no Brasil desde a aprovação da Lei 14.193 em 2021, com mais de 60 clubes aderindo ao formato em quatro anos. Contudo, o dirigente da Squadra Sports manifesta cautela ao avaliar a consolidação do modelo. "Acho que é muito cedo para dizer que já é uma realidade consolidada. É um processo de transformação. Nos primeiros cinco anos, vamos ver muitos ajustes, erros e acertos. Só depois disso é que será possível avaliar se o modelo se firmou no país", analisou.
Ele pontuou ainda o impacto da nova dinâmica de mercado entre clubes tradicionais e SAFs. "Clubes que antes diziam que não queriam SAF estão se abrindo e entendendo que precisam. Outros estão percebendo que, para competir com as SAFs, precisam se organizar. Palmeiras e Flamengo, por exemplo, se anteciparam a isso", observou.
Bellintani fez questão de ressaltar que a adesão à SAF não representa uma solução mágica para os desafios do futebol brasileiro. "As SAFs também erram, é importante dizer isso. O investidor, às vezes, se engana ou está despreparado. Essa ideia de que SAF é a salvação não existe. O que temos é uma tendência de projetos mais organizados", ponderou.
Durante sua gestão no Bahia, Bellintani liderou o processo de venda da SAF para o City Football Group, o maior conglomerado de clubes do mundo. A negociação teve início logo após a promulgação da lei. "Estudamos o projeto, estruturamos o modelo para o clube e só depois buscamos um investidor. Foi uma mistura de velocidade com cautela, que resultou em um bom parceiro e um projeto de longo prazo", relembrou. Sob a nova administração, o Bahia alcançou feitos como a quitação de dívidas, a melhor campanha no Brasileirão por pontos corridos (oitavo lugar em 2024) e o retorno à Libertadores após 35 anos, além de planejar a construção de um grande centro de treinamento.
Agora à frente da Squadra, Bellintani afirma que a ambição ultrapassa as fronteiras nacionais. "Estamos trabalhando para que, somando um clube de Portugal à plataforma, sejamos o primeiro grupo multiclubes nascido no Brasil. O projeto está em plena construção."
