Flavinho, do Pagod'art, comenta sobre novos artistas do pagodão: “Todo mundo com o mesmo swing”

A "carreta" da Pagod'art, sinônimo de ritmo contagiante na Bahia, completou 25 anos de estrada com um Carnaval estrondoso em Salvador. Liderada por Flavinho, que retornou à banda em 2021 após carreira solo, o grupo vive um momento de "recomeço" triunfal, marcado por cinco dias de apresentações nos principais circuitos da folia e músicas que caíram no gosto popular.
Em entrevista ao BN, Flavinho descreveu a experiência na folia como algo inédito, apesar de seus 23 anos de carreira na banda. "Tudo que eu vivi antes é uma experiência, nunca vivi aquilo ali [Carnaval 2025]", afirmou, ressaltando a superação do medo e do desconhecido. Ele lembrou desafios passados como a perda da voz, encarando cada obstáculo como aprendizado. "Tudo é aprendizado... esse ano, foi uma volta", disse sobre o preparo e a estrutura que teve para o último Carnaval.
Com hits que marcaram gerações como "Uisminoufay", "Ovo de Avestruz", "Se Você Quer Tome", "Respeite Carandirú" e "A Soma", o Pagod'art consolidou um swing considerado "irreconhecível" por Flavinho. "Eu tenho o meu swing. A galera vai escutar de longe o cavaquinho do Pagod'art", destacou, apontando a identidade musical como um pilar da banda.
Com a perspectiva de quem tem longa trajetória, Flavinho também opinou sobre a nova geração do pagode baiano, notando uma falta de identidade marcante em alguns artistas. "A galera nova, com swing novo, tá todo mundo massa, mas é contado a dedo quem tá criando uma identidade. Todo mundo com o mesmo swing... E a voz todo mundo parecida", pontuou, levantando a dificuldade de identificar bandas apenas pela batida ou vocal.
Manter-se nas graças do público após tanto tempo, segundo o cantor, passa pelo respeito ao folião e a autenticidade. "A gente não perde a nossa raiz, nosso estilo de música", disse, rebatendo críticas de que seriam "ultrapassados". Ele enfatizou a importância da dança e do movimento no show, algo que valoriza desde o início da carreira e que hoje vê com alegria o público resgatar. "Nunca é tarde... gosto de dançar, gosto de me movimentar bastante... além de cantar, dançar é uma alegria para mim".
A tecnologia, em especial as redes sociais, é vista por Flavinho como uma ferramenta fundamental para a sobrevivência e divulgação do trabalho na era atual, contrastando com o passado onde a rádio e a distribuição física eram os meios principais. No entanto, ele frisa a necessidade de uma equipe profissional para gerenciar essa complexidade. "Eu não dou conta disso aqui sozinho... Sozinho não dá... tem que ter um grupo, tem que ter uma equipe", afirmou, reconhecendo a importância do apoio coletivo para manter a disciplina e a organização.
Um momento inesperado e de grande impacto foi a música "Uisminoufay" tocando em um evento da Beyoncé, pego de surpresa por mensagens de fãs. "Fiquei felizão", relatou, destacando a grandiosidade do fato para a banda, especialmente por ser uma música com mais de 20 anos que continua relevante e um "hino" para várias gerações. "Nunca é tarde. A gente não sabe o dia de amanhã", completou.
Paralelamente ao sucesso na rua, o Pagod'art celebra seus 25 anos com um projeto audiovisual que reúne grandes nomes do pagode baiano. Com lançamentos como "Bit do Cavaquinho", "Mexer, mexer" (com Léo Santana) e "Alongadinha" (com Xanddy Harmonia), o projeto promete ainda a participação de artistas como Igor Kannário, Lincoln, Beto Jamaica, Rubinho e Márcio Victor. Flavinho descreveu o projeto como um "filho" e um "recomeço", apesar do alto investimento e dos riscos financeiros envolvidos. "É um projeto caríssimo... a gente foi arriscou, a gente precisava desse investimento... a importância agora é... trabalhar e vamos trabalhar e vamos trabalhar e pagando", disse, destacando a luta para arcar com os custos mesmo com o sucesso inicial. A expectativa para os próximos lançamentos é alta, com a segunda parte do projeto prevista para 2 de maio.
Para Flavinho, a força para continuar vem do respeito à sua identidade musical e do apoio de fãs e equipe. "O meu projeto aqui é raiz", reafirmou, valorizando a escola do pagode baiano e buscando deixar um legado positivo. O momento atual é visto com felicidade e gratidão, um reflexo do trabalho árduo e da crença na "carreta" da Pagod'art que continua a embalar a Bahia.