Haddad associa nova alta da Selic a Campos Neto e diz que não dá para dar 'cavalo de pau'

Publicado em 25/06/2025 às 11:25:29
Haddad associa nova alta da Selic a Campos Neto e diz que não dá para dar 'cavalo de pau'

Em entrevista à Record News, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, a uma "contratação futura" feita na última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto em dezembro. Haddad expressou preocupação com o patamar atual de 15%, considerando-o excessivamente restritivo diante das projeções de inflação.

A elevação de 0,25 ponto percentual, que levou a Selic ao maior nível desde julho de 2006, foi justificada pelo Copom como necessária para conter a atividade econômica, com a manutenção de juros altos por mais tempo que o previsto. A última reunião com Campos Neto definiu a taxa em 12,25%, enquanto as quatro reuniões subsequentes sob a gestão de Gabriel Galípolo resultaram em um acumulado de alta de 2,75 pontos percentuais.

Haddad também destacou a desaceleração da inflação de alimentos, que passou de 0,83% em abril para 0,02% em maio, segundo o IPCA. Contudo, ressaltou que a categoria continua sendo um ponto de atenção.

Para impulsionar o crescimento futuro, o ministro defende a parcimônia nos gastos públicos e o congelamento de discussões sobre aumentos, a menos que haja emergência. Ele argumenta que o aumento da poupança pode gerar um ciclo virtuoso para o Brasil.

O governo Lula tem buscado aumentar a arrecadação, como evidenciado pela medida provisória que eleva a taxação de apostas esportivas e altera a tributação de instituições financeiras, além de recalibrar o IOF. Apesar das críticas do mercado sobre a falta de ajustes nas despesas, Haddad manifestou otimismo em relação a acordos no Congresso.

Relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta um déficit primário de R$ 83,1 bilhões para a União em 2025, dentro da meta do arcabouço fiscal.

Adicionalmente, Haddad confirmou que o governo Lula estuda formas de estimular o crédito imobiliário, citando países como Chile e Austrália como exemplos de maior participação do setor no PIB. O objetivo é explorar novos instrumentos de crédito com garantia para reduzir juros e impulsionar a indústria da construção civil.