Lula deve anunciar investimento chinês em gigante de entrega e fábrica de chips

Publicado em 11/05/2025 às 20:47:14
Lula deve anunciar investimento chinês em gigante de entrega e fábrica de chips

Durante um seminário empresarial em Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta segunda-feira a primeira lista de novos investimentos de empresas chinesas no Brasil. O anúncio ocorreu ao final do evento organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

A lista inicial de aportes inclui nomes de peso em diversos setores. Entre eles, destacam-se a fabricante de semicondutores Longsys, que planeja construir unidades em São Paulo e Manaus; o aplicativo de entrega Meituan, que chega ao mercado brasileiro através de seu braço internacional, o Keeta; e a rede de sorvetes, chás e sucos Mixue, recentemente reconhecida como a maior cadeia de fast food do mundo.

Outros investimentos anunciados envolvem a Envision, focada em combustível sustentável de aviação (SAF); o grupo Baiyin Nonferrous, que investirá na aquisição de uma mina de cobre em Alagoas; o DiDi, proprietário do aplicativo 99, com aportes na eletrificação de veículos; e a parceria entre três empresas chinesas e a Nortec Química para a produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs).

Negócios adicionais estão em discussão e podem ser formalizados em breve, como a parceria entre a biofarmacêutica Sinovac e a Eurofarma, que, segundo um executivo da empresa chinesa, já teria sido fechada.

Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, a relação entre Brasil e China vive um momento de "dinâmica impressionante". Ele mencionou que a expectativa é anunciar investimentos chineses na ordem de US$ 17 bilhões para este ano. Somando os fluxos de comércio e investimento projetados, Viana estima que a relação bilateral atingirá a marca de "um trilhão de reais".

O presidente da Apex também ressaltou o fluxo de investimentos na direção contrária, citando a inauguração de uma fábrica da BR Foods na China para processar e distribuir produtos como hambúrguer, nugget e bacon, utilizando carne brasileira. Viana detalhou que, entre os investimentos com suporte da Apex, a Meituan deve aportar R$ 5,6 bilhões, a Mixue, R$ 3,2 bilhões, e a Envision, R$ 5 bilhões.

Segundo Viana, essa nova dinâmica nas relações comerciais e de investimento do Brasil não se limita à China, sendo parte de um movimento global impulsionado por um "mundo de mais incertezas" e guerras tarifárias, o que leva países e empresas a buscar maior segurança em suas cadeias produtivas e mercados.

O seminário em Pequim, solicitado à Apex há apenas dez dias, superou as expectativas de público, reunindo cerca de 500 representantes de empresas chinesas e 200 de brasileiras. O evento contou com a participação de executivos de grupos como BYD, Cofco e Luckin, além de autoridades brasileiras como o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, e o próprio presidente Lula.

Analistas chineses também comentam os desdobramentos da visita. Zhou Zhiwei, especialista em Brasil na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destacou o potencial de cooperação em semicondutores, área em que ambos os países têm interesse estratégico. Ele mencionou ainda o desejo brasileiro de aprimorar a independência tecnológica e desenvolver infraestrutura, como ferrovias ligando o Atlântico ao Pacífico, expressando a esperança de que a visita contribua para o acesso do Brasil à Iniciativa Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda).