Lula e Putin discutem Guerra na Ucrânia e Brics em ligação prévia a encontro de Trump no Alasca

Publicado em 09/08/2025 às 20:48:01
Lula e Putin discutem Guerra na Ucrânia e Brics em ligação prévia a encontro de Trump no Alasca

Em um movimento diplomático que antecede o aguardado encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump no Alasca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone com o líder russo neste sábado (9). A ligação, que durou cerca de 40 minutos, abordou temas cruciais como a Guerra na Ucrânia, a atuação do Brics e as relações bilaterais com os Estados Unidos, conforme comunicado por ambos os países.

Durante a conversa, Putin destacou os "recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia" e expressou gratidão ao Brasil pelo "empenho e interesse" na resolução do conflito. A Presidência brasileira, por sua vez, reiterou o apoio histórico do país ao diálogo e à busca por uma solução pacífica, colocando o governo à disposição para contribuir, inclusive no âmbito do Grupo de Amigos da Paz – uma iniciativa conjunta com a China lançada em 2023 que busca mediar o conflito.

A conversa entre Lula e Putin se insere em um contexto de intensa atividade diplomática de Moscou. Nos dias anteriores, Putin já havia dialogado com líderes como Cyril Ramaphosa (África do Sul), Xi Jinping (China) e Narendra Modi (Índia), além de outros ex-membros da União Soviética. Modi, em sua conta na rede social X, descreveu a conversa como "muito boa e detalhada", agradecendo a Putin por compartilhar os últimos desenvolvimentos sobre a Ucrânia. Ramaphosa, por sua vez, demonstrou "total apoio da África do Sul às iniciativas de paz".

A ligação com a China, um dos principais aliados da Rússia, teve Xi Jinping expressando satisfação com o contato entre Rússia e EUA para avançar em uma resolução política para o conflito. A menção a essa reaproximação ocorre em paralelo ao anúncio de Trump sobre uma cúpula com Putin no Alasca, marcada para o dia 15, após o republicano ter ignorado o prazo para uma trégua na Ucrânia. O movimento sugere uma possível reaproximação entre Putin e Trump, que iniciou seu mandato com uma postura mais alinhada ao líder russo.

Trump declarou que um acordo para encerrar a guerra estaria próximo, mas que poderia envolver "alguma troca de territórios para o bem de ambos". Essa possibilidade, contudo, é firmemente rejeitada por Kiev e seus aliados desde a invasão russa em fevereiro de 2022. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou categoricamente que "os ucranianos não entregarão suas terras ao ocupante" e que "não podem tomar decisões contra nós, não podem tomar decisões sem a Ucrânia. Seria uma decisão contra a paz."

Em resposta à aproximação entre os EUA e a Rússia, Zelenskyy realizou uma série de contatos com líderes europeus, incluindo Alemanha, França, União Europeia, Itália, Espanha e Reino Unido. O presidente francês Emmanuel Macron reforçou nas redes sociais a determinação em apoiar a Ucrânia e a necessidade de que os ucranianos sejam parte da solução, destacando que "o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos, que lutam por sua liberdade e segurança há mais de três anos" e que "os europeus também farão necessariamente parte da solução, pois sua própria segurança está em jogo."