Negociação com o PSG? Veja o que há de concreto e próximos passos da SAF do Vitória

Publicado em 10/06/2025 às 13:58:50
Negociação com o PSG? Veja o que há de concreto e próximos passos da SAF do Vitória

A possibilidade de o Qatar Sports Investments (QSI), fundo catari que controla o Paris Saint-Germain, tornar-se investidor na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vitória ganhou destaque no noticiário nos últimos dias. A movimentação veio à tona após o Movimento Vitória SAF (MVSAF), grupo independente formado por torcedores e ex-atletas, anunciar planos de realizar reuniões no Catar para apresentar um projeto a representantes do QSI.

É importante ressaltar que, neste momento, não há negociações oficiais em andamento, seja por parte do MVSAF ou da diretoria do Vitória. A iniciativa do grupo, liderada pelo deputado estadual Marcone Amaral, ex-jogador do clube e naturalizado qatari, visa apenas apresentar um plano que possa atrair o interesse do fundo catari em um eventual investimento no rubro-negro baiano. A intenção do MVSAF é que um representante da diretoria do Vitória acompanhe a comitiva na viagem.

Daniel Barbosa, um dos líderes do Movimento Vitória SAF, indicou em entrevista que existem "contatos iniciais" com figuras ligadas ao QSI, o que abre uma "possibilidade real" de levar o Vitória a uma mesa de negociação. Contudo, ele fez questão de frisar a complexidade do cenário: "a gente tem que deixar claro ao torcedor que não tem nada certo. A negociação é complexa, outros clubes também estão cortejando o QSI, que é um dos maiores investidores do mundo. Mas eu acho que a gente tem que bater na porta. Se chegar lá e não interessar eles, beleza. A gente parte para outro. Acho que a gente não pode perder a oportunidade”, ponderou Barbosa.

Paralelamente às iniciativas do MVSAF, o Esporte Clube Vitória avança em seu próprio processo de estudo e implementação da SAF. Durante o segundo workshop promovido pelo clube para debater o tema, o presidente do Conselho Deliberativo, Nilton Almeida, expressou ressalvas sobre a viagem planejada pelo movimento. “Estamos bastante avançados. Esse evento serve para desmistificar o que é SAF. A SAF não é um produto que a gente compra em uma padaria. Tem que ser implementada com muito cuidado. Como a gente vive hoje com uma epidemia de especialistas no mundo, existem muitas opiniões sobre SAF, que as pessoas emitem sem sequer ter conhecimento do negócio. Hoje eu estava vendo uma declaração sobre investimento com viagem planejada para dezembro. Se eu estivesse à frente de qualquer investidor, eu iria esperar até dezembro? Não caiam neste tipo de informação que só faz destorcer nosso entendimento", declarou Almeida.

No workshop, que contou com a presença do presidente Fábio Mota, conselhos e sócios, foi reforçada a necessidade de investimentos para elevar o patamar do clube, mas sempre de forma "sólida", "discutida de forma responsável e transparente". Fábio Mota enfatizou que o clube "não pode ser vendido e entregue de qualquer forma", e que a decisão final sobre o modelo de SAF caberá aos sócios.

Consultores do escritório CSMV Advogados apresentaram um mapeamento da situação do clube, incluindo patrimônio, dívidas e estrutura jurídica, como base para propor um modelo de SAF. Eles destacaram que possuem liberdade para iniciar conversas com potenciais investidores, ressaltando o potencial atrativo do Vitória no mercado. A estrutura legal prevê que o departamento de futebol seja transferido para a SAF, enquanto a associação original manteria outros ativos e a estrutura social. Alterações estatutárias necessárias para viabilizar a SAF, incluindo aprovações em conselhos e Assembleia Geral, também foram detalhadas.

Nilton Almeida explicou que o clube possui um grupo interno trabalhando em conjunto com a consultoria contratada para analisar "nossos pontos fortes e nossos pontos fracos", preparando o Vitória para se apresentar de forma atrativa a investidores.

No âmbito dos modelos de SAF, uma das propostas apresentadas no workshop foi a criação de uma SAF "gerencial", onde a associação controlaria 100% das ações inicialmente, buscando um investidor apenas em um segundo momento. Esta ideia gerou reação do MVSAF, que em nota pública posicionou-se contra, argumentando que o modelo "arrisca criar um sistema de perpetuação no poder, travando o processo de profissionalização" e que "não faz sentido jurídico nem financeiro realizar a transformação sem um investidor já engatilhado", além de poder "afastar investidores sérios no futuro".

Os próximos passos para a implementação da SAF no Vitória envolvem aprimorar e definir o modelo de negócio, preparando a estrutura para as aprovações necessárias nos conselhos e na Assembleia Geral. Isso inclui a emissão de parecer pelo Conselho Fiscal, a constituição de uma comissão especial e a elaboração da versão final do plano.

Em meio a este processo e ao projeto da Arena Barradão, o presidente Fábio Mota reafirmou em entrevista recente a garantia de implementação da SAF até 2027. Ele não descartou que o processo possa ser concluído antes, caso surja um investidor, mas assegurou que a transformação ocorrerá dentro deste prazo, "independente de ter ou não investidor".