Ofensiva de Trump atinge mais estudantes chineses, um quarto do total de alunos estrangeiros dos EUA

Publicado em 21/06/2025 às 21:25:29
Ofensiva de Trump atinge mais estudantes chineses, um quarto do total de alunos estrangeiros dos EUA

A recente política de Donald Trump voltada para estudantes estrangeiros nos Estados Unidos tem afetado significativamente a China, sinalizando uma tendência de afastamento que se intensificou desde 2019. Ao contrário de outras nacionalidades, o número de estudantes chineses frequentando instituições americanas vem diminuindo, um reflexo de um distanciamento sem precedentes nas relações bilaterais.

Essa queda no interesse dos estudantes chineses enfraquece o intercâmbio acadêmico e cultural, um pilar importante na compreensão mútua entre os países e um legado da normalização das relações EUA-China iniciada na década de 1970. A iniciativa de enviar estudantes chineses aos EUA partiu do governo de Richard Nixon, em 1972, como uma estratégia para aproximar a China do Ocidente e afastá-la da União Soviética.

Por décadas, os estudantes chineses foram um grupo expressivo no sistema educacional americano. No ano letivo 2023-2024, eles representavam 1 em cada 4 estudantes estrangeiros nos EUA. Apesar de ocuparem o segundo lugar no ranking de nacionalidades com mais estudantes no país, com 277.398 alunos, o número representou uma queda de 34,2% em comparação com o pico de 2019-2020.

Em contrapartida, enquanto outras nacionalidades começaram a se recuperar após a pandemia de Covid-19, a Índia, por exemplo, registrou um crescimento notável, com 331.602 alunos em 2023-2024, um aumento de 71,7% em relação a 2019-2020.

As restrições impostas por Trump, incluindo a suspensão de vistos para estudantes chineses em 2018 sob a alegação de espionagem, e decretos mais recentes visando retaliar universidades por suposta tolerância a manifestações antissemitas, explicam a diminuição do número de estudantes chineses. Uma medida específica que proibiu a entrada de novos alunos de Harvard foi justificada pela acusação de que o país asiático utiliza visitantes para coleta de informações em instituições de elite. Posteriormente, Trump chegou a sugerir um acordo para que a China fornecesse minerais raros em troca da liberação do acesso de estudantes chineses às universidades.

As políticas de Trump, embora com foco principal na China, criaram um clima de insegurança generalizada entre estudantes internacionais. Pesquisas por instituições americanas em plataformas de divulgação acadêmica caíram para o menor nível desde o pico da pandemia, com uma queda de 23,4% nas visualizações de programas americanos entre janeiro e maio. Especialistas preveem uma queda de mais de 70% na demanda por estudantes nos EUA até 2025, com um aumento correspondente nas buscas por instituições no Reino Unido e Austrália.

Estudantes da China e Índia juntos compõem mais da metade dos alunos estrangeiros nos EUA. Outros países asiáticos como Coreia do Sul, Taiwan e países como Canadá, Brasil, Vietnã, Nigéria, Bangladesh e Nepal também figuram entre as nacionalidades com maior presença em universidades americanas.

O impacto financeiro da presença de estudantes estrangeiros é considerável, com contribuições significativas para a economia americana através de mensalidades e a criação de empregos. Apenas os estudantes chineses injetaram US$ 14,3 bilhões nos EUA no período 2023-2024, enquanto os indianos contribuíram com US$ 11,8 bilhões. Especialistas alertam que as medidas restritivas de Trump podem prejudicar não apenas as instituições de ensino, mas também a economia americana, especialmente no setor de inovação e empreendedorismo, já que uma parte significativa das startups americanas foram fundadas por imigrantes que chegaram como estudantes.