PF aponta laudo com os indícios de crimes eleitorais da vereadora Anna Laura de Juazeiro

Publicado em 17/06/2025 às 19:46:50
PF aponta laudo com os indícios de crimes eleitorais da vereadora Anna Laura de Juazeiro

Um laudo da Polícia Federal (PF) referente à quebra de sigilo telefônico de um motorista de campanha, concluído e publicado em 27 de maio, aponta indícios de crimes eleitorais envolvendo a vereadora de Juazeiro Anna Laura (PP) e seu marido, o médico Dalmir Pedra.

A revelação do laudo ocorre após a Juíza Eleitoral Substituta da 48ª Zona Eleitoral de Juazeiro, Keyla Cunegundes Fernandes Menezes de Brito, ter julgado improcedente, em 29 de abril, a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra a vereadora por suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2024. O suplente de vereador Francinalvo Leopoldo, conhecido como Nalvinho (PP), recorreu dessa decisão.

As informações, baseadas no documento da PF anexado ao processo AIJE N.0600450-57.2024.6.05.0048, foram reveladas pelo Portal Preto no Branco. O caso agora tramita no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), aguardando inclusão em pauta de julgamento.

Na véspera da votação, em outubro do ano passado, o motorista da então candidata, identificado como João Marcos, foi preso pela Polícia Federal portando cerca de R$ 4 mil em dinheiro, mais de 20 tickets de combustível e uma quantidade de material de campanha ("santinhos") de Anna Laura.

À época da análise inicial, a juíza Keyla Cunegundes entendeu que não havia “provas robustas e inequívocas que comprovassem abuso de poder econômico ou político, nem captação ilícita de sufrágio” por parte da vereadora.

No entanto, o laudo da PF, com 30 páginas, detalha conversas que, segundo a corporação, indicam atividades suspeitas. A PF aponta que João Marcos possuía grande influência na campanha de Anna Laura, participando de grupos estratégicos, e trocou mensagens com a vereadora e com Dalmir Pedra. Vale ressaltar que Dalmir Pedra figura na justiça eleitoral como o segundo maior doador de campanha para as últimas eleições municipais.

Dentre os pontos destacados no laudo, estão: pedidos de apoio na campanha por João Marcos à Anna Laura, como solicitações de veículo e material gráfico, inclusive horas antes de sua prisão; a expressão de descontentamento do motorista com a distribuição de pagamentos na campanha, mencionando disparidades entre o número de votos obtidos e a recompensa recebida por ele e por outros cabos eleitorais; a confirmação, via diálogos em grupos de WhatsApp com a participação da então candidata, da distribuição de ordens de combustível para uma carreata, com indicação para abastecimento em um posto específico, e a menção a uma "cota" maior para João Marcos para evitar ciúmes.

O documento da PF também detalha conversas entre João Marcos e Dalmir Pedra que sugerem promessas de pagamento em dinheiro e ordens de serviço, com Dalmir, em certo momento, pedindo cautela sobre tratar de dinheiro nas mensagens ("Moço!!! Vamos falar disso não. Aqui é o assunto da distribuição. Não fale em dinheiro não."). O laudo ainda indica que João Marcos solicitava números de títulos eleitorais e locais de votação de eleitores, com fotos desses documentos encontradas em seu celular, o que a PF descreve como tentativa de "amarrar os votos". Por fim, o relatório aponta contatos próximos entre João Marcos e Dalmir Pedra pouco antes e logo após a prisão do motorista em 5 de outubro de 2024, incluindo uma mensagem de João Marcos avisando sobre a detenção no posto Rodeadouro.

Todas as informações e diálogos citados foram extraídos do laudo da Polícia Federal, ao qual o veículo teve acesso e que foi anexado ao processo pela parte acusadora. O desfecho do caso caberá à Justiça Eleitoral.