Plano de reforma ministerial de Lula se arrasta por 6 meses e expõe fragilidade do governo

Publicado em 28/04/2025 às 13:05:31
Plano de reforma ministerial de Lula se arrasta por 6 meses e expõe fragilidade do governo

A reforma ministerial prometida pelo presidente Lula (PT) após as eleições municipais do ano passado ainda não se concretizou, seis meses depois, levantando questionamentos sobre a força política do governo.

Inicialmente vista como crucial para o futuro da gestão e para preparar o PT para 2026, a reforma, que deveria refletir o novo cenário político saído das urnas, não aconteceu. Na época, o presidente expressava insatisfação com o desempenho de alguns ministros, mas muitos deles permanecem nos cargos.

Atualmente, aliados de Lula tratam o assunto com ceticismo, e a expectativa de uma reforma iminente diminuiu consideravelmente. Diversas datas foram cogitadas, como o anúncio feito pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, de uma nova escalação ministerial para janeiro.

Na prática, houve apenas uma mudança de destaque: a substituição de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secom. Depois, a reforma foi atrelada às eleições na Câmara e no Senado, bem como à sucessão do PT, mas as alterações foram mínimas e focadas em nomes da "cota pessoal" do presidente.

Ministros que chegaram a ser publicamente criticados por Lula, como Márcio Macêdo, Cida Gonçalves, Paulo Teixeira e Wellington Dias, mantiveram-se em seus postos.

Além dos desafios políticos, Lula enfrentou problemas de saúde, como a cirurgia após um acidente doméstico. Crises como a polêmica sobre a taxação do Pix também desviaram a atenção da reforma.

Um aliado do presidente revelou que Lula teme que mudanças ministeriais causem desequilíbrio na equipe e nas relações com o Congresso.

A reforma tinha como objetivo engajar aliados na campanha de reeleição em 2026, mas partidos da base aliada priorizam a governabilidade, mesmo que sob tensão. A assinatura de um requerimento de urgência para anistiar envolvidos nos atos golpistas, e a desistência de Pedro Lucas Fernandes de assumir o Ministério das Comunicações, são apontados como exemplos de falta de compromisso.

O tempo também dificulta as negociações, já que parlamentares que assumirem ministérios precisarão deixá-los até abril de 2026 se quiserem concorrer nas próximas eleições.

Apesar dos obstáculos, apoiadores de Lula mantêm o otimismo, apostando em uma melhora da economia e da popularidade do presidente para fortalecer a base aliada e pavimentar o caminho para a reeleição.