Presidente da Oxford Union será investigado por comentários após morte de ativista conservador

O presidente da Oxford Union, George Abaraonye, enfrentará um processo disciplinar após ter feito comentários considerados inadequados em reação ao assassinato de Charlie Kirk. A tradicional sociedade de debates britânica anunciou a investigação em nota divulgada nas redes sociais.
Abaraonye, estudante da Universidade de Oxford eleito em junho, compartilhou mensagens em um grupo de WhatsApp celebrando a morte do ativista conservador, de acordo com o jornal The Telegraph. Em uma das mensagens, ele escreveu: "Charlie Kirk levou um tiro, vamos nessa". Em outra, atribuída a sua conta no Instagram, dizia: "Charlie Kirk levou um tiro haha".
As declarações vieram à tona na última quinta-feira (5), após a publicação das mensagens pelo jornal. Desde então, o estudante relatou ter sido alvo de insultos raciais e ameaças.
Em comunicado divulgado no sábado (7), a Oxford Union afirmou que as falas de Abaraonye não representam a instituição. "Enfatizamos que essas são opiniões pessoais dele e não refletem os valores da União", declarou a entidade, que também repudiou os ataques sofridos pelo aluno. "Nenhum indivíduo deve ser atacado por causa da cor da pele ou da comunidade a que pertence. Ameaças à sua vida são repugnantes."
A organização destacou que, embora a liberdade de expressão deva ser preservada, "não pode e não será exercida às custas de violência, intimidação ou ódio". A Oxford Union explicou que não possui poderes executivos para destituir imediatamente um presidente eleito, mas confirmou o encaminhamento das denúncias para análise em procedimento disciplinar.
Na quinta-feira, Abaraonye divulgou uma declaração na qual pediu desculpas, afirmando ter agido de forma impulsiva. "As palavras não refletiam meus valores. Ninguém merece ser vítima de violência política. Estendo minhas condolências à família e aos entes queridos dele." Ele acrescentou que apagou as mensagens logo após publicá-las.
O estudante, contudo, argumentou que sua reação estava ligada ao histórico de declarações de Kirk. "Ele descreveu as mortes de crianças em tiroteios escolares como um custo aceitável para manter o direito às armas. Justificou o assassinato de civis em Gaza, inclusive mulheres e crianças, culpando-os coletivamente pelo Hamas. Defendeu a revogação da Lei dos Direitos Civis e repetiu estereótipos nocivos sobre as comunidades LGBTQ e trans. Essas foram falas horríveis e desumanizadoras", afirmou.
Segundo o Telegraph, Kirk e Abaraonye chegaram a se encontrar em maio, durante um debate organizado pela Oxford Union sobre masculinidade tóxica.
Na sexta-feira (6), Valerie Amos, diretora do University College, ao qual Abaraonye é vinculado, informou que a instituição não aplicará sanções internas. "Embora os comentários do Sr. Abaraonye sejam abomináveis, eles não violam as políticas da faculdade sobre liberdade de expressão, nem qualquer outra norma relevante. Portanto, não será tomada nenhuma medida disciplinar", declarou.