Protocolo antirracismo da Fifa é acionado pela primeira vez na Divisão de Acesso do Goianão; entenda

Publicado em 17/06/2025 às 17:34:49
Protocolo antirracismo da Fifa é acionado pela primeira vez na Divisão de Acesso do Goianão; entenda

Um incidente de racismo marcou o empate sem gols entre Rio Verde e Anapolina, no último domingo (15), pela quinta rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. O episódio levou à ativação, pela primeira vez em um jogo estadual, do protocolo global antirracismo da Fifa, recentemente adotado pela CBF. A ofensa, cometida pelo meia Patrick, do Rio Verde, foi direcionada ao goleiro Artur, da Anapolina, tornando a partida histórica pela aplicação da nova medida.

Aos 48 minutos da etapa final, o árbitro Jefferson Ferreira expulsou Patrick por "cometer ato de racismo". De acordo com a súmula, o jogador do Rio Verde proferiu as seguintes palavras ao goleiro da Anapolina: “Volta para o gol, negão, c...! Vai se f...”. Após a expulsão, o árbitro executou o gesto oficial da Fifa para sinalizar atos de racismo – cruzar os braços em "X" na altura do peito – e documentou detalhadamente o ocorrido na súmula da partida.

O desentendimento entre os atletas teve início após uma cobrança de falta, quando um jogador da Anapolina caiu na barreira. Patrick tentou auxiliar o adversário a se levantar, e o goleiro Artur se aproximou para intervir, escalando a discussão que culminou na ofensa e na aplicação do protocolo.

Apesar da gravidade do ocorrido, o goleiro Artur decidiu não formalizar uma denúncia criminal. Segundo relato na súmula, após o fim do jogo, Artur foi questionado sobre registrar um boletim de ocorrência, mas informou ter aceitado as desculpas de Patrick e considerou a situação resolvida de forma pessoal e esportiva.

No entanto, o incidente ainda pode ter desdobramentos na esfera esportiva. Por ter sido detalhado na súmula, o caso será encaminhado para análise do Tribunal de Justiça Desportiva de Goiás (TJD-GO). Patrick pode ser denunciado com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que pune atos discriminatórios e preconceituosos. As penalidades previstas variam de suspensão de cinco a dez partidas, além de multa entre R$ 100 e R$ 100 mil.

Até o momento, os clubes Rio Verde e Anapolina não emitiram comunicados oficiais sobre o episódio.