Superquarta: Fed corta juros nos EUA; Copom deve manter Selic em 15%

Publicado em 17/09/2025 às 10:00:25
Superquarta: Fed corta juros nos EUA; Copom deve manter Selic em 15%

A "Superquarta" desta semana trará decisões cruciais sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a taxa Selic em 15% ao ano, uma expectativa praticamente unânime entre as instituições financeiras. Paralelamente, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, é esperado para anunciar o início de um ciclo de cortes de juros, com um corte de 0,25 ponto percentual.

O mercado financeiro está amplamente alinhado com essas previsões. Pesquisas indicam que todas as 36 instituições consultadas pela Bloomberg esperam a manutenção da Selic. Nos EUA, a ferramenta FedWatch estima uma probabilidade de 96% para um corte de 0,25 ponto percentual nos juros do Fed, com 99 dos 101 analistas ouvidos pela Bloomberg apostando nesta magnitude.

O otimismo em relação a um corte nos juros americanos impulsionou o mercado brasileiro na terça-feira (16). O dólar fechou em queda de 0,43%, a R$ 5,298, menor valor desde junho de 2024, enquanto a Bolsa de Valores subiu 0,35%, atingindo um recorde de fechamento em 144.061 pontos.

Investidores aguardam com atenção as novas projeções dos comitês, especialmente após a decisão. Nos EUA, a entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio, também é um ponto de grande expectativa.

A inflação nos Estados Unidos, que atingiu 2,9% em agosto, o ritmo mais acelerado desde o início de 2025, ainda é uma preocupação. No entanto, a desaceleração no crescimento mensal de empregos, com empresas freando contratações e uma queda na oferta de trabalhadores, aponta para o mercado de trabalho como o principal fator a ser analisado pelo Fed, conforme antecipado por Powell.

Powell, em agosto, destacou os riscos crescentes de queda no emprego em um cenário de inflação acelerada e aquecimento moderado do mercado de trabalho. O corte esperado seria o primeiro em quase nove meses, desde dezembro do ano passado, quando o Fed reduziu os juros americanos para a faixa de 4,25% a 4,50%.

Desde então, o Fed manteve os juros e uma postura cautelosa, gerando críticas e ataques sem precedentes do presidente Donald Trump. Trump tem pressionado publicamente o Fed por cortes mais agressivos nas taxas, chegando a pedir um corte maior do que o planejado e a insinuar a saída de Powell do cargo. Há temores no mercado sobre uma possível interferência do Executivo na independência da autoridade monetária.

Trump também tentou destituir a diretora Lisa Cook, sem sucesso. Contudo, na segunda-feira (15), o presidente americano obteve uma vitória com a aprovação de seu indicado, Stephen Miran, para o conselho de diretores do Fed. Com mais um indicado, Trump passa a ter maior influência no comitê, com três nomes indicados por ele no conselho de política monetária.

No Brasil, espera-se que o Copom adote um tom mais suave em seu comunicado, refletindo a evolução favorável do cenário econômico recente. Após interromper a sequência de altas em julho e adotar uma linguagem cautelosa, a expectativa é que o comitê demonstre mais convicção na estratégia de manter a Selic estável por um período prolongado para atingir a meta de inflação.