Tribunal confirma assassinato de Albert Luthuli por agentes do Apartheid

Publicado em 31/10/2025 às 00:04:21
Tribunal confirma assassinato de Albert Luthuli por agentes do Apartheid

Um tribunal em Pietermaritzburg, África do Sul, proferiu nesta quinta-feira uma decisão histórica, concluindo que Albert Luthuli, proeminente ex-líder do Congresso Nacional Africano (CNA) e laureado com o Prêmio Nobel da Paz, foi vítima de um assassinato orquestrado por agentes do Estado do Apartheid em 1967. A sentença desmente a versão oficial da época, que alegava que sua morte ocorreu em um acidente ferroviário.

Segundo o julgamento, a morte de Luthuli é atribuída a "uma agressão por membros do braço especial de segurança da polícia sul-africana (...) agindo de acordo e com um objetivo comum com funcionários da companhia ferroviária sul-africana". Albert Luthuli faleceu em 21 de julho de 1967, e a narrativa oficial insistia que ele foi atropelado por um trem enquanto caminhava próximo aos trilhos, uma tese sempre refutada por sua família e seus apoiadores.

A reabertura da investigação sobre as circunstâncias de sua morte ocorreu em abril deste ano, inserida em um contexto mais amplo de reexame das violências e desaparecimentos políticos perpetrados durante o regime segregacionista, que chegou ao fim no início da década de 1990.

Albert Luthuli esteve à frente do CNA entre 1952 e seu falecimento, um período marcado pelo banimento do partido pelo regime do Apartheid em 1960. Em 1961, durante a cerimônia de recebimento do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, Luthuli proferiu um discurso contundente em defesa da não violência.

O CNA divulgou um comunicado celebrando "um julgamento histórico" que "corrige uma antiga distorção da história", ao reconhecer que Luthuli "foi vítima de um assassinato aprovado pelo Estado". Em declaração à televisão local EWN, o neto do líder, Sandile Luthuli, expressou a "alegria" de sua família com a decisão judicial.