A última glória do Ypiranga: o adeus dourado do terceiro maior campeão do futebol baiano

Publicado em 31/07/2025 às 03:04:59
A última glória do Ypiranga: o adeus dourado do terceiro maior campeão do futebol baiano

Salvador, em 1951, era palco de um futebol envolto em nostalgia, com arquibancadas de madeira, rádios de válvula e camisas de botão compondo o cenário de um acirrado Campeonato Baiano. Foi nesse ambiente que o Esporte Clube Ypiranga, o "Mais Querido", escreveu o último capítulo de glória de sua centenária história, conquistando seu décimo título estadual, um feito que se mantém como seu último troféu de campeão baiano.

A conquista marcou o fim de uma era para o Ypiranga, fundado em 1906. Outrora uma potência no futebol baiano, rivalizando com Vitória e Bahia nas décadas anteriores e acumulando taças entre os anos 1910 e 1940, em 1951 o clube já sentia a ascensão meteórica do Tricolor e as reestruturações do Rubro-Negro. Contudo, a equipe, sob o comando de técnicos e dirigentes locais, surpreendeu os favoritos e levou o título para a Vila Canária.

O campeonato, disputado em pontos corridos, viu o Ypiranga terminar à frente de Bahia, Vitória, Botafogo e Galícia. Nomes como Nadinho, Tará, Mário e Duque destacaram-se como heróis do Aurinegro Baiano, cuja solidez defensiva e regularidade marcaram a campanha vitoriosa. Com vitórias decisivas sobre os rivais diretos, o clube consagrou-se como o segundo maior campeão baiano da época, com 10 títulos.

A jornada do Ypiranga no campeonato iniciou-se com um empate em 1 a 1 contra o Guarany, com gol de Chaves. A única derrota na fase regular ocorreu em 5 de maio, um revés por 2 a 0 para o Galícia. A recuperação veio com uma goleada expressiva de 5 a 0 sobre o Vitória em 20 de maio, com gols de Chaves, Raimundo II e Marito. O time manteve o ritmo, empatando em 1 a 1 com o Bahia na Fonte Nova em 3 de junho, com Marito garantindo o empate após gol de Carlito para o adversário. A sequência incluiu uma vitória contundente por 6 a 1 sobre o São Cristóvão em 20 de junho, com hat-trick de Israel, e empates com Botafogo (1 a 1) e Guarany (1 a 1).

Na fase decisiva, o Ypiranga selou o título em 10 de fevereiro de 1952, empatando em 1 a 1 com o Vitória, com gol de Raimundinho garantindo a taça. A equipe titular campeã era formada por Ferrari; Pequeno, Valder; Zizo, Valter, Raimundo I; Raimundo Mário, Chaves, Novinha, Israel e Raimundinho.

Naquele mesmo ano de 1951, o Brasil se recuperava do trauma do Maracanazo, e o futebol local vivia um momento de efervescência com estádios lotados e rivalidades intensas. O Ypiranga, fundado por operários e comerciantes da Cidade Baixa, representava um símbolo de resistência e identidade popular. A Fonte Nova, inaugurada em 1951, também celebrou seu primeiro título estadual naquele ano.

Contudo, o brilho da conquista não perdurou. Após o título, o clube enfrentou dificuldades financeiras, perdeu jogadores importantes e viu seu protagonismo diminuir. O avanço do profissionalismo, as mudanças no calendário e a concentração de recursos nos clubes maiores foram barreiras intransponíveis para o "Mais Querido", que nunca mais disputou um título estadual. A memória de sua grandeza, no entanto, persiste.

Atualmente, o Esporte Clube Ypiranga luta pela reconstrução, disputando a segunda divisão do futebol baiano sob o comando da Squadra Sports, que almeja o retorno à elite. Embora o cenário presente seja de recomeço, o passado evoca a glória: em 1951, o Ypiranga deu sua última volta olímpica como campeão baiano, gravando seu nome na história.