COP30: Governo Federal mapeia dificuldades logísticas de delegações e busca soluções caso a caso

Diante das crescentes preocupações com a logística da COP30, a ser realizada em Belém (PA) em novembro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou uma estratégia para mapear e resolver individualmente as dificuldades enfrentadas por delegações de países. O foco principal recai sobre questões de hospedagem, um dos pontos de maior apreensão desde que a conferência foi anunciada para a capital paraense.
A explosão nos preços de hotéis e o déficit de leitos para acomodar as cerca de 50 mil pessoas esperadas para o evento têm gerado pressão sobre o governo brasileiro. Dezenas de representantes de nações chegaram a assinar uma carta pressionando por uma possível mudança da sede ou de parte das atividades para outra cidade, embora a organização da cúpula tenha reafirmado a manutenção de Belém como sede.
A nova abordagem governamental prevê a atuação como "meio de campo" para solucionar os problemas de cada delegação. Um grupo formado por assessores dos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente, juntamente com representantes da organização da COP30, será responsável por assessorar as delegações que apresentarem queixas logísticas. A ideia é oferecer sugestões de acomodações alternativas e disponíveis na capital paraense.
O tema foi central em uma reunião recente entre os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Celso Sabino (Turismo), o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e o secretário extraordinário para o evento, Valter Correia da Silva. O ministro Celso Sabino destacou a importância de Belém sediar o debate sobre sustentabilidade, classificando-o como um momento histórico.
Paralelamente, o governo tem buscado conter a crise dos preços de hospedagem através de processos administrativos na Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) e no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Contudo, empresas do setor têm se recusado a fornecer explicações sobre os altos valores cobrados para o evento. Negociações para um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) também não resultaram em acordo até o momento.
O Brasil também tem sido cobrado pela UNFCCC, braço de clima da ONU, que compilou 48 questionamentos sobre a situação logística após uma reunião extraordinária realizada no final de julho. O país já enviou uma carta com as respostas ao órgão, que as compartilhará com as demais nações. Uma nova reunião sobre o tema está prevista para os próximos dias.
Fontes próximas ao governo afirmam que as medidas em andamento, como a mobilização de navios cruzeiros, a disponibilização de habitações do programa Minha Casa Minha Vida, o incentivo ao aluguel via Airbnb e a criação de um site de hospedagem, começarão a apresentar resultados em breve. Segundo a organização da COP30, Belém dispõe de 53 mil leitos, superando a estimativa de 50 mil necessários.
Em nota oficial, a presidência e a secretaria extraordinária para a COP reiteraram o compromisso com a realização de uma "conferência ampla, inclusiva e acessível", garantindo condições adequadas de participação para todas as delegações. A nota também mencionou que a Senacon abriu processo administrativo para apurar práticas abusivas de consumo e eventuais crimes contra a economia popular, além do lançamento da plataforma eletrônica cop30.bnetwork.com, que oferece mais de 2.700 quartos adicionais.