Ana Paula Padrão critica febre dos bebês reborn

Publicado em 19/05/2025 às 22:05:15
Ana Paula Padrão critica febre dos bebês reborn

A jornalista Ana Paula Padrão, 58, utilizou suas redes sociais no domingo (18) para lançar uma reflexão sobre um fenômeno contemporâneo: a crescente adesão de mulheres adultas a tendências e passatempos historicamente associados à infância. Em vídeo publicado, Padrão destacou o caso dos bebês reborn – bonecas com aparência hiper-realista – e sugeriu que essa tendência pode estar ligada a uma tentativa de minar a autonomia feminina.

Ela ressalvou não ter "nada contra uma mulher adulta brincar de boneca", afirmando que "cada uma faz o que quiser da própria vida". Contudo, expressou preocupação quando a prática atinge extremos, como "exigir, por exemplo, uma vaga no SUS para atendimento psicológico da boneca", classificando tal situação como um "desvio grave que precisa de tratamento".

A apresentadora relatou ter investigado o mercado das bonecas reborn, que tem visto expansão e visibilidade online, impulsionado por influenciadoras que mostram rotinas de cuidados com as bonecas como se fossem bebês reais. Para Padrão, esse movimento transcende um mero passatempo. "É uma forma sutil de nos infantilizar", declarou. Ela traçou um paralelo com outras tendências recentes, como livros de colorir e brinquedos retrô, apontando que, embora "embalado como autocuidado", o fenômeno "no fundo parece uma tentativa de nos manter em um estado de infância permanente".

A jornalista também contrastou essa infantilização percebida com o fortalecimento de grupos masculinos que promovem discursos de "masculinidade restaurada". Ela citou os chamados Legendários, que organizam retiros e encontros focados em rituais e na afirmação de papéis como provedores e líderes familiares. "Não te parece estranho que, enquanto algumas de nós são levadas a cuidar de bonecas, esses grupos se posicionem como salvadores de mulheres emocionalmente instáveis, esperando por eles em casa com o café pronto?", questionou em seu vídeo.

Padrão revelou ter encontrado artigos escritos por homens que atribuem a popularização dos bebês reborn ao "fracasso do feminismo", alegando que o movimento teria "apagado o instinto materno das mulheres reais". Para ela, essa narrativa é "perigosa". "Nos pintar como desequilibradas, emocionalmente frágeis e dependentes é uma maneira de nos tirar da discussão, da política, da autonomia", argumentou.

Apesar das críticas levantadas, a tendência dos bebês reborn mantém sua popularidade, impulsionada também por personalidades públicas como o padre Fábio de Melo, que já exibiu um bebê reborn com características de síndrome de Down em suas redes.