Após operação no DF, investigação indica que máfia da anestesia ocorre em outros estados do Brasil

A Operação Toque de Midas expôs, na semana passada, um suposto esquema de monopólio na área de anestesiologia no Distrito Federal. A investigação, que cumpriu mandados de busca e apreensão contra a alta cúpula de uma cooperativa, apura crimes como organização criminosa, formação de cartel, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.
Entretanto, as apurações revelaram indícios de práticas semelhantes à "máfia da anestesia" em outras regiões do país, sugerindo uma possível articulação nacional entre cooperativas estaduais.
Conforme noticiado pelo Metrópoles, anestesistas de fora de Brasília teriam sofrido pressão para não atuar em hospitais da capital. Um profissional do Espírito Santo, por exemplo, teria sido dissuadido por um representante de uma cooperativa capixaba a deixar um hospital que havia rompido com o grupo dominante do DF, em uma manobra de boicote.
A investigação aponta que outras cooperativas em diferentes estados podem estar operando de maneira similar, coordenando ações para estabelecer preços, retaliar profissionais independentes e praticar outras condutas ilegais no setor.
As suspeitas recaem sobre práticas anticompetitivas já identificadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), como cartel e abuso de poder econômico.
Outras irregularidades incluem o impedimento do acesso de novos profissionais aos hospitais, a imposição de preços acima do mercado e o uso de ameaças e constrangimento para manter o controle do setor.
A formação de grupos exclusivos em hospitais para barrar novos anestesistas, a exigência de cotas elevadas para ascensão na cooperativa e o boicote a instituições que buscam encerrar acordos com o sistema vigente também foram detectados. Tais ações resultaram no aumento de custos para planos de saúde, hospitais e pacientes, além de restringir a qualidade e o acesso aos serviços médicos.