Após PDT deixar base aliada de Lula, Leo Prates diz que sentimento da bancada é que governo não deu tratamento adequado ao partido

Publicado em 19/05/2025 às 12:05:14
Nota Baiana

O PDT, que deixou a base de apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados no início deste mês, manifesta um forte sentimento de insatisfação com a gestão petista. Segundo o deputado baiano Leo Prates (PDT), que reflete o pensamento da bancada, o governo não teria dispensado ao partido o tratamento considerado adequado, diante da contribuição oferecida ao arco de alianças.

Em entrevista, Prates descreveu o clima na bancada como de "muita insatisfação", atribuindo parte do descontentamento à falta de comprometimento do governo com o presidente nacional da sigla e ex-ministro Carlos Lupi.

"O clima nesse momento é de muita insatisfação com o governo. Primeiro, eu estou me referindo à bancada de deputados com quem eu convivo. Há um clima de entendimento, de um tratamento que não é adequado para o PDT em relação ao que o PDT colaborou com o governo federal", afirmou o parlamentar.

Prates destacou o histórico de votação do partido em apoio ao governo, chegando a ser, proporcionalmente, mais unido que a bancada do próprio PT na maioria das matérias. "Nós votamos mais unidos com o governo do que o próprio PT se você pegar proporcionalmente, a maioria das matérias, os 18 deputados do PDT votaram com o governo sob a orientação da liderança do nosso partido, que é o ministro Carlos Lupi, e foi correto com o governo", disse. "Então, no nosso entendimento, faltou o mesmo comprometimento do governo com o presidente Lupi. No nosso entendimento da bancada federal, eu não quero falar em nome do partido, mas eu estou lhe dando um sentimento que há entre os deputados", complementou.

Uma reunião da bancada de deputados selou a decisão de o PDT atuar de forma independente na Câmara. Essa postura só seria revista, segundo Leo Prates, caso haja "reciprocidade" por parte do presidente Lula com a sigla.

"Nós temos matérias que são muito caras pra nós, que são matérias identitárias com o nosso estatuto e essas matérias não estão sob discussão. Nós teremos atrelamento automático, mas as matérias que dizem respeito meramente a pautas de governo nós teremos um posicionamento mais crítico que também não será um posicionamento de oposição", explicou Prates. Ele ressaltou que o PDT não fará oposição ao governo, mas tampouco manterá o nível de apoio irrestrito dispensado anteriormente, a menos que o governo "corrija os rumos" e demonstre a reciprocidade esperada.

A saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, no início do mês, foi um marco crucial. Lupi pediu demissão após a repercussão negativa de um escândalo envolvendo uma potencial fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para o PDT, a demissão de Lupi foi considerada a "gota d’água" que acirrou o descontentamento da bancada com o Palácio do Planalto.