Atlas da Violência: Número de pessoas negras mortas em 2023 equivale a mais de 92% dos homicídios registrados

Publicado em 12/05/2025 às 20:47:14
Atlas da Violência: Número de pessoas negras mortas em 2023 equivale a mais de 92% dos homicídios registrados

O Atlas da Violência 2024 aponta para um cenário alarmante sobre as vítimas de violência letal no Brasil, revelando que a esmagadora maioria dos assassinados em 2023 era composta por pessoas negras. Dos 6.616 homicídios registrados no ano passado, 6.088 vitimaram indivíduos negros (pretos e pardos), o que corresponde a mais de 92% do total. Em contraste, apenas 420 vítimas eram não negras (brancas, amarelas e indígenas). Essa gritante disparidade racial sublinha a persistência e a profundidade do racismo estrutural no país.

Mais uma vez, a Bahia se destaca negativamente no ranking nacional, registrando o maior número absoluto de pessoas negras assassinadas. Com 6.088 mortes de pessoas negras, o estado concentra praticamente a totalidade dos homicídios em seu território em 2023 e se distancia significativamente dos demais. Na sequência, aparecem Rio de Janeiro (3.195 vítimas negras), Pernambuco (3.106), Ceará (2.711) e Pará (2.291).

A análise do perfil das vítimas não negras apresenta um quadro completamente diferente. O estado com mais vítimas não negras foi o Rio Grande do Sul, com 1.466 mortes, seguido por São Paulo (1.452), Rio de Janeiro (1.039), Paraná (1.309) e Minas Gerais (701). A Bahia, líder em homicídios gerais, cai para a oitava posição neste recorte, ficando atrás de estados como Pernambuco e Santa Catarina.

A desigualdade racial na violência também se manifesta de forma aguda quando analisamos o gênero. Em 2023, 411 mulheres negras foram vítimas de homicídio no Brasil, representando a vasta maioria das mulheres assassinadas. O número de mulheres não negras mortas no mesmo período foi de apenas 47, uma diferença de quase dez vezes, evidenciando a dupla vulnerabilidade enfrentada pelas mulheres negras.

As taxas de homicídio por 100 mil habitantes solidificam o retrato da desigualdade: enquanto a taxa para pessoas negras alcança 50,8, a taxa para pessoas não negras é de apenas 13,6. Uma diferença de quase quatro vezes mais, confirmando que a cor da pele no Brasil continua sendo um fator determinante de risco à vida, diretamente ligado ao racismo estrutural e às profundas desigualdades socioeconômicas.