Brasil é exemplo na questão sanitária, diz Alckmin sobre foco de gripe aviária no país

Falando de Roma neste domingo (18), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o Ministério da Agricultura e Pecuária "tomou todas as providências" para superar a crise da gripe aviária, destacando que "o Brasil é um exemplo para o mundo de compromisso com a questão sanitária, tanto animal quanto vegetal".
Alckmin conversou com a imprensa brasileira na Embaixada do Brasil em Roma, onde cumpria compromissos no Vaticano. Ele tem chegada prevista ao Brasil na manhã de segunda-feira (19).
Segundo o ministro, a crise "é limitada a um município do Rio Grande do Sul", e o país "cumpre totalmente os protocolos sanitários, no sentido de limitá-la e de superar o mais rapidamente possível". Ele ressaltou as dimensões continentais do Brasil, sugerindo que focos localizados não deveriam impactar as exportações de outras regiões não afetadas.
Alckmin também abordou a situação econômica, mencionando a guerra tarifária iniciada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump (embora o foco tenha sido a economia interna). Ele destacou números positivos e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mesmo com a atual taxa de juros elevada. "Temos uma preocupação esse ano com a Selic. O Brasil é um fenômeno, porque cresce com uma taxa de juros elevadíssima", disse. "Agora, nós temos confiança de que, da mesma forma que cresceu, possa a Selic cair rapidamente, porque ela tem dois efeitos muito ruins, um no PIB e outro na dívida pública."
O primeiro caso de gripe aviária detectado em uma granja comercial no Brasil foi confirmado na sexta-feira (16) no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A cidade tem cerca de 64 mil habitantes. Em resposta, o ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) decretou emergência zoossanitária por 60 dias na área, cobrindo um raio de dez quilômetros ao redor do estabelecimento onde o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade foi identificado.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) comunicou no sábado que a confirmação do foco em granja comercial marca uma nova etapa da presença do vírus no país. A organização aponta que, desde 2022, mais de 4.700 surtos de gripe aviária altamente contagiosa foram notificados na América Latina e no Caribe, afetando aves de criação, aves migratórias, mamíferos marinhos e até animais de estimação. A propagação, segundo a FAO, segue o curso natural das rotas migratórias de aves entre o Canadá e a ponta sul da América.
A detecção do caso resultou na suspensão das compras de carne de frango brasileira por países como China, Argentina, Uruguai, Chile e México. Medidas internas também foram tomadas, incluindo a montagem de barreiras sanitárias no Sul do país no sábado e ações em Minas Gerais para queimar ovos férteis e animais infectados para conter o vírus.
Entenda a gripe aviária:
O H5N1 é uma variante do vírus da gripe comum (influenza) predominante em aves, conhecida desde 1996 em ancestrais que infectaram gansos, com casos em animais silvestres no Brasil registrados desde 2023. Sua letalidade é extremamente alta em aves, especialmente em granjas com alta densidade de animais.
O consumo de carne e ovos de aves é considerado seguro, pois o vírus não é transmitido para humanos por meio da alimentação. A contaminação em humanos é rara e ocorre principalmente por contato direto com animais vivos infectados ou ambientes contaminados, via gotículas aerossóis e fezes.
O vírus demonstrou capacidade de infectar outras espécies, como bovinos (com registro de transmissão para humanos nos EUA) e leões-marinhos (caso no Chile). Especialistas alertam para o risco de a situação sair de controle, citando o exemplo dos Estados Unidos, onde o vírus se disseminou em granjas, rebanhos leiteiros e foi detectado em sistemas de distribuição de água.