Carlinhos Brown faz análise sobre nova geração da música: “Passou a não arriscar, a se afirmar em like”

Com uma carreira de mais de quatro décadas, Carlinhos Brown, aos 62 anos, reafirma a importância da educação contínua na arte para a perpetuação de seu legado. Em entrevista concedida a Ney Matogrosso para uma edição especial da Vogue, o cantor e multi-instrumentista baiano compartilhou suas reflexões sobre a nova geração de artistas e o impacto da tecnologia em sua abordagem.
Brown expressou sua percepção de que os artistas mais jovens tendem a evitar riscos, priorizando a validação por meio de likes e números, em detrimento da experiência autêntica do palco e da conexão com o público. Ele ressaltou a distinção entre a aprovação virtual e o calor humano dos aplausos e da performance ao vivo.
O artista enfatizou que nenhuma geração é isenta de falhas, mas notou um comprometimento notável com o aprendizado e o aprimoramento por parte dos artistas mais experientes. Ele destacou a necessidade de atenção à linguagem e à mensagem transmitida nas obras, defendendo a importância da poesia como ferramenta de conscientização e expressão de valores.
Brown exaltou a influência de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Chiquinha Gonzaga, Elba Ramalho, Ney Matogrosso e Marisa Monte, como "estruturadores de educação" para o público.
Durante a conversa, Ney Matogrosso elogiou Brown por sua contribuição na transformação da música brasileira, levando a percussão para o cenário europeu. Brown, por sua vez, reconheceu a influência de seus antecessores e a importância da celebração dos 40 anos do Axé na Bahia, movimento do qual ele foi uma referência desde o início. Ele também citou outros artistas que considera importantes divulgadores da brasilidade, como Zé Ramalho, Amelinha e Luiz Gonzaga.