Caso VaideBet: Inquérito aponta que Augusto Melo desviou verba para pagar agiota

Publicado em 24/06/2025 às 17:37:29
Caso VaideBet: Inquérito aponta que Augusto Melo desviou verba para pagar agiota

A Polícia Civil de São Paulo encerrou o inquérito que apurou o desvio de verbas no contrato entre o Corinthians e a ex-patrocinadora VaideBet. O relatório finalizado na última segunda-feira (23) indica que o ex-presidente do clube, Augusto Melo, teria utilizado parte da comissão do acordo para saldar dívidas pessoais, incluindo um possível empréstimo com um agiota da zona leste de São Paulo.

Segundo a investigação, essas dívidas teriam se originado de doações recebidas durante a campanha de Melo à presidência do clube, provenientes de empresários do futebol, influenciadores e, conforme apurado, até de um agiota. O influenciador Bruno Alexssander, conhecido como “Buzeira”, é um dos nomes mencionados como doador.

Um trecho do documento revela que Melo vinha sofrendo ameaças de morte por parte do agiota: "Na denúncia, verdade seja dita, essas tais doações foram tratadas como ‘dívidas’, e foi asseverado também que um agiota da zona leste estaria no encalço de Augusto, ameaçando matá-lo caso não pagasse o débito", aponta o relatório.

A investigação aponta que o esquema visava o desvio de 7% do valor total do contrato com a VaideBet, o que totalizaria R$ 25,2 milhões, distribuídos em parcelas mensais de R$ 700 mil. Essa comissão foi repassada a Alex Cassundé, considerado o intermediário do negócio, cuja empresa, a Rede Social Media Design, participou da campanha eleitoral de Augusto Melo.

Outros dirigentes também foram indiciados no processo, como Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Yun Ki Lee. De acordo com o relatório, o contrato já apresentava sinais de irregularidades desde o seu início, não tendo passado pela devida avaliação do setor de compliance do clube.

Aprofundando a investigação, a polícia identificou que parte das comissões foi destinada a empresas de fachada, como a Neoway, que, segundo o relatório, foi utilizada para “ocultar e dissimular valores ilícitos”.

Um outro ponto do inquérito sugere uma possível conexão do caso com o crime organizado. A polícia alega que pelo menos R$ 870 mil teriam sido transferidos para a empresa UJ Football Talent Intermediação. Essa empresa foi citada em uma delação premiada do empresário Vinícius Gritzbach, que foi morto em novembro de 2024 no Aeroporto de Guarulhos e que revelou o uso de contas laranjas por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O relatório final conclui que "os recursos financeiros desviados do Sport Club Corinthians Paulista foram parar em contas de uma empresa suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC)”.