CBF inicia processo de implementação de Fair Play financeiro no futebol brasileiro, diz colunista
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu um passo importante nesta segunda-feira (9) ao instituir um grupo de trabalho dedicado à criação de um sistema de Fair Play financeiro para os clubes brasileiros. A iniciativa visa estabelecer regras claras para promover a sustentabilidade econômica das equipes e deverá culminar em uma proposta de regulamento em até 90 dias.
O documento oficial que formaliza a criação do "Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira" (SSF) foi assinado pelo presidente da CBF, Samir Xaud. A construção deste modelo envolverá a participação de representantes da própria CBF, clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, federações estaduais e consultores especializados, garantindo uma abordagem abrangente.
Segundo a confederação, o objetivo central é desenvolver normas que assegurem o equilíbrio econômico, a responsabilidade fiscal e a necessária adaptação à nova realidade do futebol nacional, que agora inclui a figura dos clubes-empresa (SAFs).
Inspirado em modelos já consolidados no futebol europeu, o futuro sistema de Fair Play financeiro prevê a definição de limites de gastos atrelados às receitas, a exigência para que dívidas em atraso sejam quitadas, além do estabelecimento de mecanismos robustos de monitoramento e aplicação de sanções para quem descumprir as regras. A CBF ressalta que a implementação será gradual, considerando as particularidades regionais e a estrutura de cada clube.
Para compor o grupo de trabalho, os clubes interessados terão um prazo de cinco dias para manifestar sua intenção de participar. Caso o número de candidaturas exceda o limite preestabelecido, a seleção final dos membros ficará a cargo do presidente do grupo, Ricardo Paul, que atualmente ocupa a vice-presidência da CBF.
Vale destacar que esta não é a primeira vez que a entidade busca implementar um modelo de Fair Play financeiro. Uma tentativa anterior, durante a gestão passada, foi interrompida diante da resistência de clubes com passivos significativos, como Corinthians e Atlético-MG, mencionados na época.
A nova ofensiva da CBF chega em um momento de alerta para a saúde financeira do futebol brasileiro. Um levantamento recente da Consultoria Convocados revelou que, em 2024, as dívidas dos principais clubes do país registraram um aumento de 22%, superando a marca de R$ 14 bilhões, um cenário que reforça a urgência de medidas de controle e sustentabilidade.
