Condição uterina silenciosa pode comprometer a fertilidade feminina e afeta 13% das mulheres com infertilidade

Publicado em 17/06/2025 às 18:04:50
Condição uterina silenciosa pode comprometer a fertilidade feminina e afeta 13% das mulheres com infertilidade

A Síndrome de Asherman, uma condição ginecológica muitas vezes silenciosa, afeta significativamente a fertilidade feminina em todo o mundo. Estimativas apontam que até 46% das mulheres inférteis são acometidas pela síndrome, com uma prevalência geral na população infértil que varia entre 1,5% e 13%. Trata-se de uma condição potencialmente grave, caracterizada pela formação de aderências intrauterinas – tecidos cicatriciais que se desenvolvem no interior do útero.

Essas aderências são, na maioria das vezes, uma consequência de procedimentos como curetagens, cirurgias uterinas ou infecções severas. Ao se formarem, podem causar a obstrução parcial ou total da cavidade uterina, criando um obstáculo que impede ou dificulta a implantação do embrião e o desenvolvimento adequado de uma gestação.

Embora seja frequentemente subdiagnosticada e sem sintomas evidentes na maioria dos casos, a Síndrome de Asherman pode manifestar-se através de sinais de alerta importantes. A especialista em reprodução assistida, Graziele Reis, destaca que “Muitas vezes é uma doença silenciosa e subdiagnosticada”. Ela ressalta que mulheres que percebem “alterações no ciclo menstrual, como redução ou ausência de fluxo menstrual após procedimentos ginecológicos, ou dificuldades para engravidar, devem buscar avaliação especializada”.

Entre os sinais a serem observados estão a amenorreia (ausência de menstruação) ou hipomenorreia (menstruação fraca), além de cólicas intensas que ocorrem sem sangramento – um indicativo de que o fluxo menstrual pode estar retido pelas aderências. Abortamentos de repetição e infertilidade sem causa aparente também podem ser sintomas da síndrome.

A médica reforça a importância da atenção aos sinais: “Toda paciente que nota alterações na menstruação após um procedimento no útero deve ser cuidadosamente avaliada. A ausência de menstruação não é sinônimo de saúde; pode ser o sinal de que a cavidade está obstruída e precisa de intervenção”.

O diagnóstico é comumente realizado por exames de imagem, como a histerossalpingografia, sendo a histeroscopia o método considerado mais preciso. Uma vez diagnosticada, o tratamento consiste na remoção das aderências por via histeroscópica, um procedimento minimamente invasivo. O acompanhamento posterior é crucial para prevenir a recorrência das aderências.

Embora possa ocorrer em qualquer mulher, o risco de desenvolver a síndrome aumenta com o número de procedimentos intrauterinos realizados. Pesquisas apontam resultados promissores após a cirurgia de remoção das aderências, com taxas de gravidez que podem alcançar 87,4% e de nascimentos bem-sucedidos em torno de 67,4%.

Contudo, mesmo após o tratamento eficaz, a regeneração do endométrio pode não ser completa ou adequada em alguns casos. Essa dificuldade pode complicar a busca por uma gravidez natural. Nesses cenários, a Fertilização In Vitro (FIV) surge como uma alternativa viável e importante no campo da medicina reprodutiva para casais que desejam aumentar a família.