Congresso: Alcolumbre e Lira Criticam Obstrução Bolsonarista Após Prisão Domiciliar de Bolsonaro

Brasília – Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), repudiaram nesta terça-feira (5) os atos de obstrução às atividades legislativas promovidos por parlamentares bolsonaristas. A insatisfação do grupo está ligada à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Davi Alcolumbre, que também comanda o Congresso Nacional, classificou a ocupação das mesas diretoras da Câmara e do Senado por aliados de Bolsonaro como um "exercício arbitrário das próprias razões". Segundo Alcolumbre, a ação impediu o normal funcionamento das sessões no primeiro dia após o recesso parlamentar, sendo "incomum e alheio aos princípios democráticos".
"A ocupação das mesas diretoras das Casas, que inviabiliza o seu funcionamento, constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos", declarou o senador em nota à imprensa. Para tentar solucionar o impasse, Alcolumbre anunciou a convocação de uma reunião com líderes partidários.
"Realizarei uma reunião de líderes para que o bom senso prevaleça e retomemos a atividade legislativa regular, inclusive para que todas as correntes políticas possam se expressar legitimamente", acrescentou.
No Senado, a obstrução contou com a participação dos senadores Magno Malta (PL-ES), Marcos Pontes (PL-SP), Izalci Lucas (PL-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Jorge Seif (PL-SC). A mesma medida foi adotada no plenário da Câmara.
Arthur Lira, por sua vez, reiterou que a definição da pauta de votações é uma prerrogativa sua, em conjunto com os líderes partidários. Ele enfatizou a necessidade de não priorizar disputas políticas em detrimento dos interesses da população.
"A pauta da Casa será definida com base no diálogo e no respeito institucional", afirmou Lira pelas redes sociais. Embora estivesse em agenda oficial na Paraíba com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, Lira cancelou a sessão de terça-feira e convocou uma reunião de líderes para quarta-feira (6), com o objetivo de restaurar a normalidade no Legislativo.
A manifestação dos parlamentares de direita foi motivada pela decisão de Alexandre de Moraes de impor prisão domiciliar a Jair Bolsonaro. A medida foi justificada pelo descumprimento de determinações judiciais, como a proibição de uso das redes sociais, após o ex-presidente ter aparecido em vídeos divulgados em manifestações no domingo (3), mesmo que por intermédio de terceiros.
O grupo bolsonarista sinalizou que pretende manter a obstrução até que propostas como a anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes sejam pautadas.