Estudante Parda Vê Matrícula em Medicina Cassada na UFF Após Conquistar Vaga por Cota

Publicado em 05/08/2025 às 16:23:39
Estudante Parda Vê Matrícula em Medicina Cassada na UFF Após Conquistar Vaga por Cota

A trajetória de Samille Ornelas, 31 anos, na Universidade Federal Fluminense (UFF) está marcada por uma árdua batalha judicial. A estudante baiana, que ingressou no curso de Medicina em 2024 através do sistema de cotas para pessoas pardas, teve sua matrícula revogada após a banca de heteroidentificação considerá-la "inapta" por não apresentar as "características fenotípicas de uma pessoa parda".

Samille, que se autodeclara parda e é a primeira de sua família a ingressar no ensino superior público, conquistou a vaga após anos de dedicação aos estudos, utilizando recursos gratuitos como o YouTube. Sua surpresa com a decisão foi grande, já que nunca havia tido sua cor questionada. Um recurso enviado pela estudante, com um vídeo de 17 segundos reafirmando sua autodeclaração, foi indeferido.

Após um ano de embates, em janeiro de 2025, uma liminar judicial determinou a matrícula de Samille na UFF em até 30 dias. A instituição cumpriu a decisão apenas dois dias antes do início das aulas, complicando sua adaptação.

Contudo, ao final do semestre, Samille descobriu o bloqueio de seu acesso aos sistemas da universidade. A causa: a cassação da liminar por um desembargador que, segundo a estudante, desconsiderou as provas apresentadas, incluindo um laudo antropológico que analisou seus traços fenotípicos. A estudante alega que cumpriu todos os requisitos para a vaga e que o cancelamento de sua matrícula representa um desrespeito ao seu direito, conquistado após 12 participações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Samille busca visibilidade para seu caso, clamando por uma reavaliação e argumentando que sua jornada de estudos está sendo ignorada.