Gaza sob fogo: Israel bombardeia prédio icônico, Hamas divulga vídeo de reféns

A Cidade de Gaza foi palco de intensos bombardeios nesta sexta-feira (5), com o Exército israelense mirando um edifício de grande porte em meio à sua ofensiva para controlar o principal centro urbano palestino. Imagens divulgadas mostram o prédio, um dos mais altos da região, desmoronando após ser atingido por mísseis. Segundo as Forças Armadas de Israel, a edificação servia como base para o Hamas realizar ataques. O impacto da ofensiva gera medo e incerteza entre os residentes, como relatou Ahmed Abu Wuft, 45, morador de Gaza. A Defesa Civil local, ligada ao Hamas, informou que 19 pessoas morreram em decorrência dos bombardeios na cidade e arredores. O plano de Israel para expandir a campanha militar em Gaza, visando a tomada da cidade, foi aprovado pelo gabinete de segurança do premiê Binyamin Netanyahu no mês passado.

Em um novo desdobramento, o Hamas liberou um vídeo nesta sexta-feira com dois reféns israelenses sequestrados em outubro de 2023, durante o ataque do grupo ao país. Gui Gilboa-Dalal e Alon Ohel, ambos mantidos pelo Hamas, estão entre os 48 reféns israelenses que o grupo terrorista ainda detém, incluindo os presumidamente mortos. No vídeo, Gui Gilboa-Dalal descreve sua situação como refém em Gaza e teme pela própria vida diante da ofensiva israelense. Alon Ohel aparece no final da gravação, e os dois se abraçam. Essa não é a primeira aparição de Gilboa-Dalal em vídeos; ele já foi forçado a assistir à libertação de outros sequestrados. Reféns liberados em situações semelhantes relataram que o Hamas ditava seus discursos e ações.

A Human Rights Watch condenou o Hamas pela divulgação dos vídeos, enquanto autoridades israelenses classificaram as imagens como "guerra psicológica". Tel Aviv enfrenta crescente pressão internacional devido à crise humanitária em Gaza e à demanda interna pelo fim da guerra e a libertação dos reféns. As negociações indiretas para um cessar-fogo no Qatar foram interrompidas. Em resposta à divulgação do vídeo, o líder da oposição israelense, Yair Lapid, utilizou a plataforma X para defender a retomada das conversas visando um acordo.

O Exército israelense anunciou na quinta-feira (4) ter sob controle 40% da Cidade de Gaza e que a intensidade da ofensiva militar deve aumentar nos próximos dias. A atual campanha de Israel na Faixa de Gaza teve início em outubro de 2023, após ataques do Hamas a comunidades israelenses que resultaram na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de mais de 250 reféns. Desde então, a ação militar israelense causou a morte de aproximadamente 63 mil pessoas, danificou ou destruiu grande parte das edificações e forçou a maior parte da população a se deslocar. Um relatório global da fome, divulgado por uma agência da ONU, indica que partes de Gaza enfrentam fome provocada por ação humana, alegação que Israel nega.