Jovens que trabalham e estudam demonstram maior alfabetismo, aponta estudo

Publicado em 12/08/2025 às 22:47:16
Jovens que trabalham e estudam demonstram maior alfabetismo, aponta estudo

Um levantamento recente do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) revelou que a combinação de estudo e trabalho impulsiona significativamente os níveis de leitura e compreensão entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos. De acordo com o estudo, 65% dos jovens que conciliam estudo e emprego possuem alfabetização adequada, um índice consideravelmente superior aos 43% entre aqueles que apenas estudam e os 45% que apenas trabalham. Os dados são ainda mais alarmantes para quem não se dedica a nenhuma das duas atividades, com apenas 36% apresentando alfabetização satisfatória.

No entanto, o estudo também aponta um cenário preocupante para a população geral com mais de 15 anos: apenas um terço detém uma alfabetização consolidada, com capacidade para interpretar textos complexos e lidar com matemática avançada. Outros 36% demonstram alfabetização elementar, enquanto uma parcela expressiva de 29% é classificada como analfabeta funcional. A melhora nesses índices tem sido lenta, o que reforça a urgência de políticas públicas direcionadas a grupos vulneráveis, como negros, indígenas e pessoas em situação de pobreza.

Ana Lima, coordenadora da pesquisa, explica que o ambiente de trabalho presencial funciona como um espaço de aprendizado valioso, através da troca de experiências e do apoio mútuo entre colegas. Em contrapartida, modalidades de trabalho remoto ou a ausência de oportunidades de emprego, especialmente em tempos de crise, tendem a limitar esse desenvolvimento.

Embora o INAF não estabeleça uma relação de causalidade direta, Ana Lima observa que jovens com melhor domínio da leitura encontram mais facilidade para ingressar no mercado de trabalho. Simultaneamente, aqueles que iniciam suas carreiras profissionais também tendem a aprimorar suas habilidades de leitura e interpretação.

Apesar dos avanços na escolarização das novas gerações, as crescentes exigências de um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico e sofisticado ainda superam a capacitação oferecida aos jovens. Essa discrepância gera frustração tanto para empregadores quanto para trabalhadores, que investiram tempo em seus estudos, mas se deparam com limitações práticas.

Para reverter esse quadro, a pesquisadora sugere a promoção de formação continuada e flexível, mediante parcerias estratégicas entre empresas e instituições de ensino. O objetivo é viabilizar a conciliação eficaz entre as atividades de estudo e trabalho para os jovens.

Adicionalmente, o estudo enfatiza a necessidade de reestruturação da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Atualmente, a modalidade atende majoritariamente jovens que precisam retomar os estudos conciliando-os com o trabalho, diferentemente do foco histórico em trabalhadores mais velhos.