Lula reforça 'Brasil Soberano' no 7 de Setembro em meio a polêmicas e atos pró-Bolsonaro

Publicado em 07/09/2025 às 18:06:25
Lula reforça 'Brasil Soberano' no 7 de Setembro em meio a polêmicas e atos pró-Bolsonaro

Em um cenário de iminente condenação de Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma trama golpista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou presença no desfile de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A cerimônia, acompanhada por diversos ministros, teve como carro-chefe o tema "Brasil Soberano".

Uma das ausências notáveis no evento deste ano foi a dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao contrário de 2024, quando seis dos onze ministros estiveram presentes no palanque, incluindo Alexandre de Moraes, desta vez nenhum membro da corte participou da celebração oficial.

O governo delineou a celebração em três eixos temáticos: "Brasil dos Brasileiros", "Brasil do Futuro" e a COP30, a conferência climática da ONU que ocorrerá em novembro em Belém. Antes do início dos desfiles, bonés com a estampa "Brasil Soberano" foram distribuídos entre os presentes, embalados por uma canção inédita para a data, composta pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.

A escolha do tema, concebido pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, alinha-se ao novo slogan da gestão, "do lado do povo brasileiro", lançado no final de agosto, em um contexto de tensões comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos. Cartazes com a mensagem nacionalista também passaram a estampar os prédios ministeriais na Esplanada, substituindo as comunicações que detalhavam as ações do governo Lula.

Além de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também compareceu. Contudo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não esteve presente.

A maioria dos ministros do governo marcou presença, incluindo Ricardo Lewandowski (Justiça), Jorge Messias (AGU), Marina Silva (Meio Ambiente), José Múcio (Defesa), Rui Costa (Casa Civil), Márcio França (Microempreendedorismo), Anielle Franco (Igualdade Racial), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Sidônio Palmeira (Secom). Ministros de partidos que orientaram seus filiados a se afastarem de cargos no governo também participaram, como André Fufuca (Esportes), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Celso Sabino (Turismo).

Em meio ao evento, parte do público nas arquibancadas entoou gritos de "sem anistia", em alusão aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. A Secom estimou em 45 mil o número de pessoas presentes.

Em seu pronunciamento na véspera do feriado, Lula abordou a soberania nacional e enviou recados diretos ao seu antecessor. Sem citar nomes, acusou Bolsonaro e seus aliados de "traidores da pátria". "É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A história não os perdoará.", declarou.

A realização de atos em apoio a Bolsonaro em diversas capitais, incluindo Brasília, ocorreu simultaneamente aos eventos oficiais. No Congresso Nacional, tramita um projeto que visa anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, o que poderia beneficiar o ex-presidente, atualmente em prisão domiciliar.

Fontes do Planalto indicam que a estratégia de resgatar a mensagem nacionalista visa reafirmar o patriotismo e a defesa da nação, bandeiras historicamente associadas ao bolsonarismo. Embora o governo tenha atuado para evitar a aprovação da anistia, o ministro da Defesa, José Múcio, adotou um tom mais conciliador, afirmando que a deliberação cabe ao Legislativo e que o momento exige união.

No discurso do 7 de Setembro de 2024, Lula já havia enfatizado a soberania nacional e a defesa das instituições democráticas, em conexão com os eventos de 8 de janeiro. Na ocasião, o lema foi "Democracia e Independência - É o Brasil no rumo certo", focado no respeito aos Poderes e no combate a extremismos, em um contexto diferente do ano anterior, marcado pelo embate entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes.