MPF e lideranças ciganas debatem políticas públicas e cobram ações do governo baiano

O Ministério Público Federal (MPF) promoveu, na última sexta-feira (8), em Salvador, um encontro crucial entre lideranças ciganas e representantes do governo baiano. O objetivo principal do diálogo, mediado pelo MPF, foi traduzir as demandas históricas das comunidades ciganas em ações concretas de políticas públicas.
Ramiro Rockenbach, procurador da República, ressaltou a importância do evento como um "momento de escuta ativa", essencial para a compreensão das necessidades e vivências diretamente de suas lideranças. "O compromisso do MPF é atuar para que essas pautas avancem e se traduzam em políticas públicas que garantam respeito, inclusão e dignidade", declarou Rockenbach.
As reivindicações centrais apresentadas pelas lideranças ciganas incluíram a capacitação das forças de segurança para o respeito à cultura e aos direitos ciganos, a criação de cotas em concursos públicos, a salvaguarda das moradias tradicionais, como as barracas, políticas específicas de combate ao racismo e à ciganofobia, e a urgência de uma agenda com o governador do Estado e o secretário de Segurança Pública.
Em resposta, representantes estaduais apresentaram iniciativas em curso. A Secretaria da Saúde mencionou a criação de um comitê técnico para povos tradicionais, enquanto a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos propôs uma Caravana de Direitos Humanos voltada à comunidade cigana. A Delegacia Especializada de Combate ao Racismo (Decrin) também se prontificou a oferecer atendimento.
A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial destacou medidas como mapeamento populacional e programas habitacionais, além da adesão ao Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos. A Secretaria de Cultura reiterou seu apoio anual a projetos voltados à comunidade cigana.
O encontro contou com a presença de autoridades do MPF, como o subprocurador-geral Luciano Mariz Maia e os procuradores Ramiro Rockenbach e Marcos André Carneiro Silva, além de lideranças ciganas proeminentes como Jucelho Dantas, Edvalda Santos e Dinha, presidenta da Associação Nacional de Mulheres Ciganas. Especialistas, antropólogos e representantes de diversas secretarias estaduais também participaram do diálogo.
Ao final das discussões, foi reforçada a solicitação por uma reunião com o governador Jerônimo Rodrigues e a implantação de uma coordenação específica para povos ciganos na estrutura governamental.