Número de estudantes de medicina cotista cresce em 10 anos, mas ainda são 9%; entenda
Um estudo recente da Demografia Médica no Brasil 2025 (DMB), divulgado pelo Ministério da Saúde e pela Associação Médica Brasileira (AMB), aponta um crescimento expressivo no número de estudantes de medicina que ingressam na graduação através de programas de reserva de vagas (RV). Apesar do aumento, essa modalidade ainda representa menos de 10% do total de alunos matriculados.
Em 2023, dos 266.507 estudantes de medicina, pelo menos 24.041 (9%) ingressaram via programas de RV, um salto significativo em relação a 2010, quando apenas 2.736 estudantes (2,6%) utilizavam essa modalidade.
A pesquisa revela uma disparidade entre instituições públicas e privadas. Nas universidades públicas, o percentual de alunos ingressantes por meio de cotas saltou de 7% em 2010 para 39% em 2023. Já nas instituições privadas, a adesão a programas de RV se manteve baixa, passando de 0,1% em 2010 para apenas 0,4% em 2023.
Em termos absolutos, as escolas médicas públicas contabilizaram 23.310 alunos em programas de RV em 2023, enquanto as escolas privadas registraram apenas 731. Isso significa que a grande maioria dos beneficiários de RV (96,9%) está matriculada em instituições públicas.
O estudo destaca que a participação de alunos de medicina em programas de reserva de cotas triplicou entre 2010 (2,6%) e 2017 (9,1%), atingindo 9,9% dos estudantes em 2019. Em números absolutos, o número de beneficiados por cotas teve um aumento notável, passando de 2.736 em 2010 para 24.041 em 2023, um crescimento de 778,6%.
A análise dos tipos de programas de RV mostra que a modalidade destinada a alunos oriundos do ensino médio em escolas públicas é a mais comum, beneficiando 20.169 estudantes em 2023. As reservas de cunho étnico (PPI) e social/renda familiar também apresentaram crescimento no período analisado.
Houve uma mudança na participação relativa dos tipos de RV. A participação de programas com base na renda familiar aumentou (de 8,8% em 2010 para 21,5% em 2023), enquanto houve uma diminuição na participação daqueles de cunho étnico (de 31,4% em 2010 para 28,6% em 2023) e para estudantes oriundos de escolas públicas (de 58% em 2010 para 44,1% em 2023).
As escolas de medicina públicas adotam a reserva de vagas principalmente para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas (19.779 estudantes em 2023), seguidas pelas reservas de cunho étnico (12.857) e social (9.567). A participação em programas de cunho social registrou o maior aumento nos cursos públicos entre 2010 e 2023, em comparação com outras modalidades de RV.
Em contraste, a inclusão de estudantes por meio de RV nas instituições privadas é significativamente menor em comparação com as escolas públicas. Em 2023, as escolas públicas reservavam 12.857 vagas para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, enquanto as escolas privadas incluíam somente 215 vagas nesse tipo de reserva.
