Reserva Michelin: Exemplo de Sucesso na Recuperação da Mata Atlântica e Biodiversidade no Sul da Bahia

Publicado em 12/08/2025 às 20:05:16
Reserva Michelin: Exemplo de Sucesso na Recuperação da Mata Atlântica e Biodiversidade no Sul da Bahia

Um notável exemplo de restauração da Mata Atlântica no Brasil está florescendo no sul da Bahia, entre os municípios de Igrapiúna e Ituberá. A Reserva Ecológica Michelin, criada em 2004 pela multinacional francesa Michelin, transformou uma antiga área degradada em um dos mais importantes santuários ecológicos do país, ganhando destaque em uma reportagem da revista Veja. A iniciativa faz parte da "Expedição Veja", uma série que explora projetos de sustentabilidade alinhados à agenda da COP30, prevista para novembro em Belém, no Pará.

Com 4 mil hectares de extensão no Corredor Central da Mata Atlântica, a reserva se consolidou como um laboratório vivo de biodiversidade, abrigando mais de 2.700 espécies catalogadas, algumas delas inéditas para a ciência. A reportagem da Veja detalha o processo de restauração, que começou em um cenário crítico, com áreas florestais severamente danificadas. Mais de 115 mil mudas de 340 espécies nativas foram plantadas, resultando em um expressivo retorno da fauna. Monitoramentos indicam um aumento de 117% nas populações de mamíferos e aves ameaçados, incluindo as onças-pardas.

Presente na região desde os anos 1980 para assegurar o fornecimento de borracha natural, a Michelin optou pela recuperação ecológica e pelo engajamento das comunidades locais. "Essa Mata Atlântica abriga uma biodiversidade única, comparável a pouquíssimos lugares do mundo", destacou Kevin Flesher, diretor da reserva, à publicação. Para ilustrar a riqueza natural, ele mencionou que apenas um hectare da reserva pode conter até 450 espécies de árvores, um número que rivaliza com o total de espécies encontradas em toda a Europa.

A pesquisa científica é um pilar fundamental da reserva. Desde sua fundação, o local sediou 149 projetos de pesquisa e registrou 39 novas espécies. A infraestrutura conta com alojamentos, laboratório e biblioteca, essenciais para estudos sobre o manejo sustentável da seringueira, a integração de cultivos com espécies nativas e outras práticas que buscam a conciliação entre produção e conservação.

Allana Martins, administradora da reserva, ressalta o potencial de descobertas ainda a serem feitas, mesmo em um bioma tão estudado. "O que isso nos diz é que ainda sabemos muito pouco sobre a biodiversidade brasileira. E que conservar essas áreas não é só importante, é urgente", afirmou à Veja.

A reserva também desempenha um papel crucial na educação ambiental, recebendo cerca de 85 mil visitantes anualmente e promovendo ações com escolas e comunidades vizinhas. "A população passa a valorizar a mata depois de conhecê-la de verdade", observou Tarcísio Botelho, coordenador socioambiental da instituição.

A experiência da Reserva Michelin serve como um poderoso testemunho de como a restauração ambiental pode gerar resultados tangíveis, desde a regeneração florestal até a produção de conhecimento científico e o fortalecimento da conexão entre a natureza e a sociedade.