Trump abandona ideia de cessar-fogo e foca em garantias de segurança para acordo na Ucrânia

A cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, que visava um cessar-fogo imediato, resultou em uma mudança de estratégia por parte do ex-presidente americano. Trump agora concentra seus esforços em negociar o fim da Guerra da Ucrânia através de garantias de segurança para o país, após uma potencial perda territorial.
A nova abordagem foi discutida em um telefonema com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski e líderes europeus, onde Trump apresentou um resumo de sua reunião com Putin. Relatos indicam que Putin demonstrou menor resistência à proposta de Trump de implementar um mecanismo de proteção para os ucranianos.
Um dos pontos centrais da invasão russa, a adesão da Ucrânia à OTAN, permanece como um ponto inegociável para o Kremlin. Propostas anteriores, como uma força de paz europeia em solo ucraniano, também foram rejeitadas por Moscou.
Nesse contexto, ganha força a ideia da premiê italiana Giorgia Meloni, próxima a Trump, que sugeriu um análogo ao Artigo 5 da OTAN. Tal artigo prevê assistência mútua em caso de ataque a um dos membros. Trump apresentou esta proposta a Putin, e Zelenski viajará aos EUA em breve para discutir os próximos passos.
Meloni descreveu a ideia como a definição de uma cláusula de segurança coletiva que permitiria à Ucrânia contar com o apoio de seus parceiros, incluindo os EUA, em caso de novos ataques.
Observadores em Moscou, no entanto, avaliam a situação com pessimismo. Um deles classificou a cúpula no Alasca como um "fracasso", indicando que Putin só aceitaria tais acordos caso suas outras demandas, como a cessão de territórios ocupados, sejam atendidas.
Trump, por sua vez, defende que Kiev ceda territórios, propondo uma "troca territorial". Relatos sugerem que Trump teria informado aos europeus e a Zelenski que a situação seria simplificada caso Kiev abrisse mão de 30% de Donetsk. Outras hipóteses incluem o congelamento das linhas em Zaporíjia e Kherson em troca de controle total sobre Donetsk.
Zelenski reiterou que questões territoriais só podem ser decididas pela Ucrânia, mudando sua posição anterior de não considerar tal debate.
A cúpula também foi marcada pelo abandono do termo "trégua" por parte de Trump, que antes havia prometido "consequências severas" para a Rússia caso não houvesse um cessar-fogo. Em vez de críticas, líderes europeus e Zelenski adotaram um tom propositivo.
Em termos de paz, uma divergência básica entre Kiev e Moscou era a ordem das negociações: a Ucrânia desejava uma trégua anterior ao debate, enquanto a Rússia exigia discutir antes de parar os combates.
"É preciso paz, não pausa, entre invasões da Rússia", afirmou Zelenski, alertando para um possível aumento da pressão russa na linha de frente. Relatos indicam que defesas ucranianas em Donetsk foram rompidas, e uma batalha intensa ocorre para evitar o colapso da posição ucraniana na região.
Monitores militares ucranianos registraram a presença de bombardeiros pesados russos, sugerindo um ataque iminente.
A mudança de rumo nas negociações é clara, mas o seu desfecho permanece incerto. A chefe da diplomacia da União Europeia ressaltou que cabe aos EUA manter a pressão sobre Putin, dada a capacidade americana de impor sanções secundárias a parceiros comerciais russos.