Agronegócio na Bahia: mitos, desafios e o caminho para a sustentabilidade

Em uma edição especial do Juspod, podcast do Bahia Notícias (BN), gravado durante o 3º Congresso de Direito e Sustentabilidade, foram abordados os desafios, mitos e realidades do agronegócio brasileiro, com foco especial na Bahia. Katerine Rios, CEO do Instituto WP, e Washington Pimentel, fundador e coordenador da instituição, participaram do debate.
Katerine Rios defendeu o setor, argumentando que o agro não é um vilão ambiental, mas sim um pilar estratégico com forte conformidade legal e crescente adoção de práticas sustentáveis. Ela relembrou o pioneirismo de seu avô, o primeiro gaúcho a introduzir o cultivo de soja no Oeste da Bahia há 40 anos, região que se tornou um polo agrícola de excelência.
"Os desafios de ontem e de hoje ainda se assemelham: logística e infraestrutura continuam sendo gargalos críticos", pontuou Rios. Ela destacou o esforço humano na transformação do cerrado em solo fértil e produtivo, erguendo uma potência agrícola.
A executiva apresentou dados relevantes: o agronegócio representa a quinta maior economia da Bahia. O algodão local é reconhecido como o melhor da América Latina, mas enfrenta percalços logísticos. Atualmente, 90% da produção é exportada pelo porto de Santos, a 1.400 km de distância, enquanto apenas 10% utiliza o porto de Salvador. "Exportar por aqui reduz custos em mais de 900 milhões de reais apenas com essa pequena porcentagem", revelou, defendendo investimentos urgentes em ferrovias, rodovias e energia para otimizar a cadeia produtiva e agregar valor.
Ampliando a discussão para o campo jurídico e político, Washington Pimentel criticou a polarização e a politização excessiva do tema, defendendo que o debate sobre o agronegócio deve se basear no Estado de Direito. "O Brasil tem uma legislação ambiental robusta, uma das mais protetivas do mundo, e o agro se desenvolve em estrita conformidade com ela", afirmou. Pimentel também ressaltou que as exigências das cadeias globais de suprimentos reforçam a adoção de práticas sustentáveis.
Segundo Pimentel, a relevância do agronegócio vai além da sua eficiência, que o coloca à frente de concorrentes em produtividade por hectare. Ele enfatizou o papel social e econômico do setor: "Um terço do PIB nacional vem do agro. Ele gera emprego, desenvolve regiões e é fundamental para a segurança alimentar". Para o fundador do Instituto WP, a colaboração entre os três poderes da República e a sociedade é crucial para a formulação de políticas públicas realistas, que priorizem a verticalização da produção, a industrialização e a logística, distanciando-se de medidas desconectadas da realidade.
A entrevista completa está disponível.