Aparelho de advogado de réu golpista é checado em acareação tensa no STF

Publicado em 15/08/2025 às 12:09:42
Aparelho de advogado de réu golpista é checado em acareação tensa no STF

Um clima de tensão marcou a acareação entre o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o coronel da reserva Marcelo Câmara na quarta-feira (14), no Supremo Tribunal Federal (STF). A sessão, que apura a participação de ambos em uma trama golpista em 2022, foi palco de um embate entre o advogado de um dos réus e o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo relatos, o ministro solicitou a um segurança da corte que verificasse se Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo, defensor do general da reserva Mário Fernandes, estaria gravando a audiência. A gravação, por determinação de Moraes, era proibida.

O desentendimento surgiu quando Marcus Vinicius se manifestou após Cid e Câmara apontarem Mário Fernandes como autor do plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa o assassinato de autoridades. O advogado solicitou uma questão de ordem para questionar Cid sobre a vinculação do monitoramento de Moraes ao plano do general. Moraes negou o pedido, alegando que não era o momento para perguntas do defensor. A recusa gerou irritação no advogado, que insistiu que seu questionamento fosse registrado.

Diante da insistência, Moraes pediu que o telefone de Marcus Vinicius fosse verificado para confirmar se a audiência estava sendo gravada. O advogado entregou o aparelho e sua senha. Em meio ao acirramento dos ânimos, o advogado pediu respeito ao ministro, que rebateu solicitando o mesmo em sua direção.

Ao final da acareação, o ministro decidiu registrar em ata a negativa da questão de ordem, enquanto o advogado deixou a sala sem se pronunciar. Tanto Moraes quanto Marcus Vinicius não comentaram o episódio.

Mário Fernandes, ex-assessor de Bolsonaro, está preso por supostamente ter idealizado o plano "Punhal Verde e Amarelo", que envolveria o assassinato de autoridades como Moraes e o presidente Lula. Ele nega a tentativa de concretização, classificando o plano como um "pensamento digitalizado".

A defesa de Marcelo Câmara afirmou que o monitoramento do ministro em 2022 foi uma determinação de Jair Bolsonaro e que o plano "Punhal Verde e Amarelo" não tem relação com o segundo monitoramento realizado no final de dezembro.

Cid declarou ter repassado a Câmara dois pedidos de monitoramento de Moraes, sendo um deles solicitado pelo major Rafael de Oliveira, apontado como um dos articuladores do plano. Um segundo pedido teria partido do próprio Bolsonaro, que desconfiava de reuniões entre Moraes e o então vice-presidente Hamilton Mourão em São Paulo.

Câmara negou o monitoramento, afirmando que apenas respondeu perguntas de Cid sobre Moraes e que, caso tivesse feito, não seria para fins ilícitos. Cid corroborou, mas afirmou não ter certeza se Câmara tinha conhecimento do plano "Punhal Verde e Amarelo" ou da minuta do golpe.