Brasa acesa: Ticomia resiste como uma das únicas grandes festas privadas do São João da Bahia pós-pandemia

Publicado em 10/05/2025 às 03:04:07
Brasa acesa: Ticomia resiste como uma das únicas grandes festas privadas do São João da Bahia pós-pandemia

O cenário de eventos privados durante o São João da Bahia tem passado por transformações significativas nos últimos anos. Após um retorno animador em 2023, após o auge da pandemia, o estado registrou uma queda no número de festas dedicadas ao São João até 2025.

Contudo, uma chama de esperança ainda persiste no sudoeste baiano, em Ibicuí, a 519 km de Salvador. Lá, o Ticomia se mantém como o único sobrevivente entre os grandes eventos juninos que já foram referência na Bahia, como Sfrega, Brega Light, Forró do Lago, Forró do Bosque e Piu-Piu.

Em entrevista ao BN, Raul Dourado, responsável por dar continuidade ao legado de seu pai no Ticomia, que completa 38 anos em 2025, falou sobre a responsabilidade de manter viva a tradição em um cenário incerto. Ele ressaltou o compromisso do evento em preservar a cultura nordestina e o forró, buscando inovar sem perder a essência.

O Ticomia, que surgiu em 1987 de um encontro entre amigos, cresceu e se tornou um dos eventos mais tradicionais do São João da Bahia, impulsionando a economia local. Em 2023, o evento atraiu público de 248 cidades e 19 estados do Brasil. O São João em Ibicuí movimentou R$ 4 milhões na economia local em 2024.

Dourado atribui a fidelidade do público à qualidade do serviço oferecido pelo Ticomia, que se diferencia pela experiência, conforto e segurança, oferecendo um serviço all inclusive com open bar e open food de comidas típicas.

Para este ano, o Ticomia preparou uma grade de shows com Saia Rodada, Calcinha Preta, Dorgival Dantas, Mastruz com Leite, Iguinho e Lulinha, Lordão e Vitor Fernandes.

A preferência do público por eventos gratuitos em praças públicas, promovidos pelas prefeituras, é apontada como um dos fatores que contribuem para a diminuição dos eventos privados, como citado por empresários do setor. Paulinho Sfrega, do Forró do Sfrega, também mencionou a dificuldade em contratar atrações, que estavam comprometidas com as festas juninas organizadas pelas prefeituras.

Dourado destaca que o pós-pandemia tem sido um período desafiador para o setor de eventos, e a realização do Ticomia representa uma resistência para manter viva a cultura nordestina.

Apesar da queda no número de eventos privados, o Governo da Bahia registrou uma receita histórica de R$ 2 bilhões durante o São João de 2024, impulsionada pela procura por cidades como Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Ibicuí, Amargosa e Lençóis, conhecidas por suas festas.

Dourado observa o impacto positivo dos eventos juninos na economia local, gerando empregos e renda para diversos setores. Ele também notou um aumento no número de excursões e bate-voltas, com pessoas optando por não se hospedar na cidade.

Apesar dos desafios, Dourado acredita que a crise nos eventos privados de São João é passageira e que os eventos de qualidade que deixaram de existir podem retornar no futuro.

Para 2025, o Governo da Bahia anunciou um investimento inicial de R$ 15 milhões no São João, uma redução em comparação com os R$ 140 milhões investidos em 2024.