Brasil e Venezuela discutem presença de navios americanos na costa caribenha durante cúpula na Colômbia

Publicado em 22/08/2025 às 01:05:36
Brasil e Venezuela discutem presença de navios americanos na costa caribenha durante cúpula na Colômbia

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, reuniram-se em Bogotá, Colômbia, na quinta-feira (21) para discutir a movimentação de navios de guerra dos Estados Unidos para áreas próximas à costa venezuelana. O encontro ocorreu em preparação para a cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que acontecerá na sexta (22).

Embora a pauta principal tenha sido assuntos comerciais entre Brasil e Venezuela, a segurança regional também foi abordada. A presença dos navios americanos gerou reações, com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarando que "nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela". O governo brasileiro, por sua vez, avalia o movimento como uma estratégia dos EUA para aumentar a pressão sobre Maduro, alinhada à política de Donald Trump de militarização do combate ao narcotráfico.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressam incômodo com a proximidade das embarcações e as declarações de autoridades americanas. Contudo, a avaliação atual é de cautela, considerando a possibilidade de sanções e tarifas impostas pelos EUA ao Brasil. Três destróieres americanos estão previstos para se aproximar da costa venezuelana como parte de um esforço de combate aos cartéis de drogas na América Latina, segundo fontes americanas. A porta-voz do governo dos EUA, Karoline Leavitt, afirmou que o país usará "toda a força" contra o regime de Maduro.

Informações da imprensa americana indicam o deslocamento de mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros americanos para a América Latina e o Caribe. Um integrante do governo Lula considera que a movimentação atual não sinaliza uma invasão, lembrando que os EUA renovaram uma licença para exploração de petróleo na Venezuela. O assessor internacional da Presidência, Celso Amorim, manifestou preocupação com a proximidade dos navios e defendeu o princípio da não intervenção.

O Brasil considera que há poucas medidas a serem tomadas, exceto manifestações de oposição caso ocorram incursões em águas territoriais venezuelanas. A expectativa é que o tema seja discutido durante a cúpula da OTCA, evento que contará com a participação do presidente brasileiro. Países membros da OTCA, como Colômbia e Peru, podem ser afetados por uma eventual escalada da crise venezuelana, o que deve incluir o assunto na pauta de discussões dos líderes. O Brasil busca que a declaração final da OTCA destaque os esforços de combate ao crime organizado na Amazônia, fortalecendo a ideia de que a responsabilidade por essas ações recai sobre as nações que compartilham o bioma, e não sobre potências extrarregionais como os Estados Unidos.