Brasil lidera queda global na emissão de vistos americanos B1/B2; veja os motivos

Publicado em 15/08/2025 às 19:03:54
Brasil lidera queda global na emissão de vistos americanos B1/B2; veja os motivos

O Brasil, outrora líder na emissão de vistos de turismo e negócios (B1/B2) para os Estados Unidos em 2023 e 2024, registrou neste ano a maior queda absoluta no número desses documentos no mundo. Um levantamento da Folha de S.Paulo, com base em dados do Departamento de Estado norte-americano, aponta uma redução de 25,7% na emissão de vistos para brasileiros no período de janeiro a maio de 2025, o primeiro sob a administração do presidente Donald Trump.

Neste intervalo, foram emitidos 358 mil vistos para brasileiros, em comparação com 482 mil no mesmo período do ano anterior. Essa diminuição fez com que o Brasil caísse para a terceira posição no ranking global, sendo superado pela Índia (461 mil) e pela China (422 mil).

Embora não haja dados divulgados sobre pedidos negados, especialistas apontam mudanças recentes nas regras de obtenção do documento como possíveis causas para a queda. A advogada Ingrid Baracchini, especialista em imigração, destaca que a obrigatoriedade de entrevistas presenciais para casos anteriormente isentos – como menores de 14 anos, maiores de 79 anos e renovações com até 48 meses de vencimento – aumentou a burocracia e os custos. Essas novas exigências podem ter levado muitos solicitantes a desistir do processo.

Entre as medidas implementadas por Trump está a criação de uma taxa adicional de US$ 250 (aproximadamente R$ 1.390) para cidadãos de países que necessitam de visto, como o Brasil. Este valor será somado à tarifa já existente de US$ 185 (cerca de R$ 1.080) quando a permissão for concedida.

No cenário global, a emissão de vistos B1 e B2 para todas as nacionalidades sofreu uma queda de apenas 0,8% no mesmo período. No entanto, as variações entre países foram significativas. Enquanto a China observou um aumento de 51,7% (correspondente a 144 mil vistos a mais), o Brasil registrou uma diminuição de 124 mil emissões.

Em termos percentuais, a retração brasileira posiciona o país em 63º lugar entre todas as nações (-25,7%). Contudo, ao considerar apenas os países que emitiram ao menos mil vistos em 2025, o Brasil sobe para a 26ª colocação. Na América Latina, a queda brasileira é mais acentuada do que a registrada por Argentina (-7,9%), Venezuela (-8,9%) e México (-11,9%).

Baracchini avalia que a tendência de retração pode persistir, impulsionada pela instabilidade no processo de entrevistas e renovações, além do contexto político entre Brasil e Estados Unidos, marcado por diferenças ideológicas entre o presidente Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.