Campeã olímpica argelina Khelif desabafa sobre teste genético e foca em Los Angeles 2028

A boxeadora argelina Imane Khelif, medalhista de ouro olímpica na categoria até 66kg, afastou rumores de aposentadoria e mira os Jogos de Los Angeles 2028. Em entrevista ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport, a atleta, de 26 anos, expressou seu desejo de continuar competindo e conquistar mais uma medalha.
No entanto, Khelif enfrenta um novo desafio: a política de testes genéticos obrigatórios imposta pela World Boxing, federação internacional do boxe olímpico. A atleta está suspensa até a realização do exame, o que a impede de participar do Mundial de Liverpool, programado para setembro.
"Isso prejudica não apenas o atleta, mas também o próprio espírito do esporte, que deve ser baseado na transparência e no respeito mútuo. Quero continuar lutando para calar os céticos", declarou a campeã.
A polêmica em torno de Khelif se intensificou durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, quando a atleta foi alvo de notícias falsas que a acusavam, sem fundamento, de ser transgênero. A nova política da World Boxing estabelece que qualquer boxeador cujo gênero seja formalmente questionado será automaticamente suspenso até a conclusão dos testes.
Devido a essa regra, Khelif já ficou de fora da etapa de Eindhoven da Copa do Mundo em junho e permanecerá afastada em setembro. Sua última competição oficial foi a conquista do ouro olímpico.
"Infelizmente, enfrentei uma situação que outros atletas já vivenciaram no passado e ainda enfrentam hoje. Minha experiência nos Jogos Olímpicos mostra que qualquer atleta pode ser vítima. O que aconteceu foi muito prejudicial, mas consegui manter o foco e não me deixar influenciar pelo barulho da mídia. Respeito as regras como estão escritas", completou Khelif.
A nova política da World Boxing, anunciada em maio de 2025, tem como objetivo, segundo a entidade, "garantir a segurança e a igualdade de condições entre homens e mulheres". O exame será mandatório para todos os boxeadores com mais de 18 anos em eventos oficiais. A metodologia utilizada envolve a reação em cadeia da polimerase (PCR), com coleta de material por swab nasal, saliva ou sangue, visando identificar a presença ou ausência do cromossomo Y.
Para categorias masculinas, são elegíveis atletas designados homens ao nascer (com cromossomo Y presente) ou com DSD (diferença de desenvolvimento sexual) onde ocorre androgenização masculina. Já nas categorias femininas, são elegíveis atletas designadas mulheres ao nascer (com cromossomo XX ou ausência do cromossomo Y) ou com DSD onde não ocorre androgenização masculina.
Caso uma atleta inscrita na categoria feminina apresente cromossomo Y no exame, seu caso será avaliado por especialistas independentes, com base em análises clínicas, hormonais e anatômicas. A entidade informou que o protocolo também será aplicado aos homens a partir de 2026.