Dólar cai com expectativa por negociação entre EUA e China

Nesta sexta-feira (2), o dólar registrou queda de 0,38%, cotado a R$ 5,653 às 15h19, em um cenário global influenciado por sinais de possível alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China e pela divulgação de dados de emprego nos EUA acima do esperado.
O Ministério do Comércio chinês informou que os EUA demonstraram interesse em negociar questões tarifárias, pedindo o fim de taxas unilaterais e demonstrando sinceridade. A China avalia a possibilidade de conversas diretas com Washington, sendo esta a primeira vez que o país se mostra aberto a negociações. Os EUA, por sua vez, declararam "vontade de negociar", mas exigem que a China "demonstre sinceridade".
Essa perspectiva de negociação impulsionou os mercados globais, com altas nas bolsas americanas, europeias e asiáticas. Contudo, a Bolsa brasileira destoou desse movimento, apresentando queda de 0,35%, aos 134.583 pontos, no mesmo horário.
Além das negociações, a China isentou 131 produtos americanos de tarifas, totalizando cerca de US$ 40 bilhões. O otimismo também foi reforçado pelos dados de emprego nos EUA, que superaram as expectativas. Foram criadas 177 mil vagas em abril, acima das 130 mil previstas por economistas. A taxa de desemprego se manteve estável em 4,2%.
Esses números, indicando a resiliência do mercado de trabalho americano, levaram a uma leve diminuição nas expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Fed. A expectativa é que o Fed mantenha a taxa de juros de referência entre 4,25% e 4,50% na próxima semana.
O presidente Trump se manifestou sobre os dados, reiterando o apelo para que o Fed reduza as taxas de juros.
No Brasil, o Ibovespa demonstra cautela em relação aos desdobramentos da guerra comercial, com os dados de emprego nos EUA impactando as apostas de corte de juros pelo Fed e, consequentemente, o fluxo de capital para países emergentes. Analistas apontam que o desempenho do índice reflete um movimento de correção após altas recentes e uma busca por menor risco com migração para renda fixa.
Na próxima semana, o Copom se reunirá para definir a taxa Selic, com a expectativa de um aumento de 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano.
No acumulado de abril, o dólar teve queda de 0,56%, enquanto o Ibovespa subiu 3,7%. O mês foi marcado pela divulgação de dados do PIB dos EUA, que apresentou recuo de 0,3% no primeiro trimestre, refletindo o impacto da guerra comercial e gerando críticas de Trump à gestão anterior.