EUA enviam 4 mil fuzileiros e frota naval para combater tráfico de drogas na América Latina

Os Estados Unidos mobilizarão mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros para águas próximas à América Latina e ao Caribe, em uma operação voltada ao combate aos cartéis de drogas. A informação foi divulgada pela CNN nesta sexta-feira (15), com base em autoridades de defesa americanas.
A missão contará com o grupo anfíbio USS Iwo Jima e a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, que serão integrados ao Comando Sul (Southcom). A frota inclui ainda um submarino de ataque nuclear, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon, destróieres e um cruzador lança-mísseis.
Segundo interlocutores citados pela CNN, os recursos adicionais têm como objetivo "enfrentar ameaças à segurança nacional dos EUA de organizações especificamente designadas como narcoterroristas na região".
A Marinha americana anunciou o envio do USS Iwo Jima, da 22ª unidade e de outros dois navios – o USS Fort Lauderdale e o USS San Antonio –, mas sem especificar o destino. Um oficial ouvido pela emissora descreveu o reforço militar como uma "principalmente uma demonstração de força, mais voltada a enviar uma mensagem do que indicativa de qualquer intenção de realizar ataques precisos contra cartéis".
A medida, segundo a mídia americana, visa também pressionar o governo da Venezuela. Na semana anterior, o presidente Donald Trump assinou uma diretriz secreta autorizando o Pentágono a empregar militares em ações contra cartéis latino-americanos classificados como organizações terroristas.
Em resposta à mobilização, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou qualquer forma de "intervencionismo", ressaltando que a ação ocorre "em águas internacionais" e defendendo a "autodeterminação dos povos".
Preocupações surgiram dentro do Departamento de Defesa americano, pois os fuzileiros não possuem treinamento específico para interceptações e ações antidrogas, o que demandaria apoio da Guarda Costeira.
Um porta-voz dos fuzileiros declarou que a unidade expedicionária "está pronta para executar ordens legais e apoiar os comandantes combatentes nas necessidades que lhes forem solicitadas".
Os reforços sob o Southcom devem permanecer na região por pelo menos alguns meses. Em março, destróieres foram enviados em apoio à missão de segurança do Comando Norte, próximo à fronteira entre EUA e México.
Um memorando do secretário de Defesa, Pete Hegseth, destacou a "prioridade máxima" das Forças Armadas em defender o território americano. O documento orienta o Pentágono a "selar as fronteiras, repelir formas de invasão, incluindo migração ilegal em massa, tráfico de drogas, contrabando humano e outras atividades criminosas", além de "deportar estrangeiros ilegais em coordenação com o Departamento de Segurança Interna". Há também a exigência de "opções militares credíveis" para garantir acesso irrestrito ao canal do Panamá, área de crescente interesse para o presidente americano e para a qual Panamá e EUA firmaram um acordo em abril que prevê o destaque de tropas americanas em locais adjacentes à travessia.