Evolução Empresarial: Da Lucratividade à Governança para um Legado Sustentável

A trajetória das empresas, marcada por uma evolução constante, levanta uma questão fundamental: para que elas existem? Historicamente, economistas de renome apontavam o lucro dos sócios e acionistas como propósito primordial. Essa visão, embora legitime a aspiração pelo prosperidade no empreendedorismo, abre espaço para reflexões sobre os custos envolvidos. Jornadas de trabalho exaustivas e remuneração inadequada dos colaboradores são exemplos de questionamentos que surgem, indagando quem, além dos proprietários, se beneficia dos resultados da operação.
Diante disso, emergiu o conceito de função social das empresas. Inicialmente, essa função se resumia à geração de empregos e ao pagamento de impostos, trazendo benefícios sociais mais amplos. Contudo, a complexidade crescente do mundo e a interdependência global, aliadas à descoberta dos efeitos do aquecimento global, da finitude dos recursos naturais e à necessidade de combater a corrupção e as desigualdades, demonstraram que a função social, por si só, não era suficiente.
Consumidores e investidores, cada vez mais conscientes, passaram a demandar empresas alinhadas a seus valores, impulsionando a revisão de práticas em prol da sustentabilidade social e ambiental. Esse movimento representa mais um avanço na evolução corporativa.
Um degrau definitivo nessa jornada é a governança. Definida pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como um sistema de princípios, regras, estruturas e processos que orienta e monitora as organizações para a geração de valor sustentável, a governança vai além de uma simples estrutura burocrática. Fundamentada na ética e no propósito organizacional, ela representa um compromisso contínuo com a geração de valor compartilhado para as pessoas e o planeta, reconhecendo a influência das empresas no legado para as futuras gerações.
Na prática, organizações com boa governança atraem investidores e parceiros por demonstrarem transparência e responsabilidade. Elas também se beneficiam na identificação e mitigação de riscos, na melhoria da eficiência operacional e financeira, na prevenção de penalidades e no planejamento de sucessão.
O exemplo de governança parte da alta administração. Lideranças éticas e humanas inspiram colaboradores, promovendo maior retenção de talentos, produtividade e inovação. Ao elevar a consciência das pessoas, constroem-se empresas melhores, que, por sua vez, contribuem para uma sociedade mais justa. É nesse propósito que residem a essência das empresas e a importância da governança.