Grupo Almacen Pepe/Carballo Faro: recuperação judicial revela dívidas milionárias com bancos e fornecedores

O anúncio de recuperação judicial do Grupo Almacen Pepe/Carballo Faro, conhecido por suas padarias de alto padrão em Salvador, gerou surpresa na população local na última terça-feira (12). A companhia revelou um endividamento total de R$ 78,1 milhões, sendo a maior parte destinada a instituições bancárias.
Um levantamento detalhado, obtido pela reportagem, aponta para mais de 1.900 dívidas distintas incluídas no processo de renegociação. Entre os credores, destacam-se empréstimos bancários, fornecedores, locações e débitos internos entre as empresas do grupo.
Os empréstimos bancários representam 67,35% do total da dívida, somando aproximadamente R$ 52,65 milhões. Os bancos com os maiores valores a receber são Bradesco (R$ 20,6 milhões), Itaú (R$ 18,4 milhões) e Banco do Nordeste (R$ 4,86 milhões). Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Santander e o Banco do Nordeste (BNB) são as instituições financeiras envolvidas.
Dívidas internas entre as cinco empresas do grupo, as famílias Carballo e Faro, totalizam cerca de R$ 10,9 milhões. Complementando o quadro, R$ 14,5 milhões referem-se a débitos com fornecedores de produtos alimentícios e bebidas, incluindo nomes como Tirolez (R$ 226 mil), Casa Valduga Vinhos Finos (R$ 172 mil) e Moët Hennessy (R$ 62 mil).
O pedido de recuperação judicial, protocolado em 18 de julho, visa a reestruturação das dívidas bancárias. A empresa assegura que o funcionamento das padarias, delicatessens e restaurantes não será afetado, garantindo a continuidade das operações, sem cortes de funcionários e com salários e benefícios em dia.
O processo de recuperação judicial, amparado pela Lei Federal nº 11.101/2005, concede uma "blindagem" de 180 dias contra ações de credores. Durante este período, a empresa classifica seus credores e elabora um plano de recuperação, que deve ser aprovado pela maioria de cada classe. Caso o plano seja rejeitado, a empresa pode ser levada à falência. A aprovação e homologação do plano permitem à empresa reestruturar suas atividades e cumprir os pagamentos conforme acordado, diferentemente da falência, que implica na liquidação dos bens e encerramento das atividades. Casos como Gol Linhas Aéreas e Oi demonstram a eficácia deste instrumento na superação de crises financeiras.