Inflação desacelera a 0,43% em abril; alimentos e remédios pressionam

Publicado em 09/05/2025 às 18:22:07
Inflação desacelera a 0,43% em abril; alimentos e remédios pressionam

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, registrou desaceleração em abril, atingindo 0,43%, após os 0,56% observados em março, conforme dados divulgados pelo IBGE. O resultado ficou próximo da mediana das projeções do mercado financeiro, que apontava para 0,42%. Apesar da desaceleração, o IPCA de abril é o maior para o mês desde 2023.

O grupo de alimentos, embora com alta menor do que em março, exerceu pressão sobre o índice, juntamente com o reajuste nos preços dos medicamentos. No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,53%, superando os 5,48% registrados até março, marcando a maior taxa desde fevereiro de 2023 e distanciando-se do teto de 4,5% da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central.

Para conter a inflação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas. A medida visa esfriar a demanda por bens e serviços, mas pode impactar negativamente a atividade econômica, encarecendo o crédito para consumo e investimentos.

Entre os nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA, saúde e cuidados pessoais lideraram as altas (1,18%), seguidos por vestuário (1,02%) e alimentação e bebidas (0,82%). Os alimentos, mesmo com desaceleração, foram responsáveis pelo maior impacto no índice do mês. Dentro do grupo de alimentos, a alimentação no domicílio avançou, impulsionada pela alta de produtos como batata-inglesa, tomate e café moído. O café, em particular, acumula uma alta de 80,2% em 12 meses, a maior desde a criação do real.

Em contrapartida, alguns alimentos apresentaram queda nos preços, como cenoura, arroz e frutas. A passagem aérea também teve um recuo significativo, contribuindo para a queda no grupo dos transportes, o único a apresentar deflação no mês.

O Banco Central, que em 2025 adotará um novo modelo de meta de inflação contínua, acompanha de perto o cenário. O mercado financeiro projeta um IPCA de 5,53% para o fechamento deste ano, ainda distante do teto da meta. A inflação de serviços, foco de atenção do Banco Central, também desacelerou, mas permanece acima do IPCA geral no acumulado de 12 meses. Economistas alertam para a persistência de pressões inflacionárias, impulsionadas por fatores como o mercado de trabalho aquecido e a possível depreciação do câmbio.

O governo Lula tem demonstrado preocupação com a inflação dos alimentos, que afeta principalmente as famílias de baixa renda e tem sido apontada como um dos fatores para a queda na aprovação do presidente. Gestores de recursos reforçam a necessidade de uma política monetária contracionista por parte do Banco Central para conter a inflação.