Israel anuncia morte de porta-voz do Hamas em Gaza; ofensiva na Cidade de Gaza em debate

O porta-voz das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, Abu Obeida, foi morto em um ataque israelense na Faixa de Gaza. A informação foi inicialmente divulgada por um funcionário palestino à rede Al Arabiya, que indicou que Obeida estaria em um apartamento atingido em Gaza. Pouco tempo depois, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, confirmou a morte em uma publicação no X, declarando que o porta-voz foi "eliminado em Gaza e enviado para se encontrar com todos os fracassados do 'eixo do mal' do Irã, Gaza, Líbano e Iêmen, no fundo do inferno". O grupo Hamas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o anúncio de Tel Aviv.
Abu Obeida, cujo nome de guerra é conhecido, aparecia frequentemente em vídeos divulgados pelo Hamas. Segundo o jornal Times of Israel, sua identidade real seria Hudayfa Samir Abdallah al-Kahlout.
Simultaneamente, as forças israelenses intensificaram bombardeios nos subúrbios da Cidade de Gaza, resultando na destruição de residências e no deslocamento de mais famílias. A situação ocorre enquanto o gabinete de segurança do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se prepara para discutir neste domingo (31) um plano para tomar a cidade, considerada por Israel como o último reduto do Hamas. Uma ofensiva em grande escala é esperada para as próximas semanas, com Israel alegando a necessidade de evacuar a população civil previamente.
Autoridades de saúde locais reportaram que, no domingo, tiros e ataques israelenses causaram a morte de pelo menos 30 pessoas, incluindo 13 que buscavam alimentos em um ponto de ajuda no centro da Faixa de Gaza, e outras duas em uma casa na Cidade de Gaza. O escritório do porta-voz militar israelense informou que está analisando os relatos.
Nas últimas três semanas, o Exército israelense tem ampliado suas operações na região da Cidade de Gaza, encerrando pausas temporárias que facilitavam a entrega de ajuda e designando a área como uma "zona de combate perigosa". A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric, alertou no sábado (30) que a retirada da cidade levaria a um deslocamento massivo de sua população, que ultrapassa 1 milhão de habitantes, para áreas sem capacidade de absorção devido à escassez de recursos básicos.
O Exército israelense também teria alertado seus líderes políticos sobre os riscos que a ofensiva representa para os reféns ainda mantidos em Gaza. Paralelamente, protestos em Israel, exigindo o fim da guerra e a libertação dos reféns, têm crescido nas últimas semanas, com manifestações significativas em Tel Aviv e protestos de famílias de reféns em frente às residências de ministros.
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, com um ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, majoritariamente civis, e no sequestro de 251 indivíduos. Estima-se que 20 dos 48 reféns restantes estejam vivos. Em contrapartida, a campanha militar de Israel em Gaza já causou mais de 63 mil mortes, a maioria civis, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, aprofundando a crise humanitária no enclave.