Lucro do Banco do Brasil despenca e governo Lula culpa Congresso por inadimplência do agronegócio

Publicado em 16/08/2025 às 14:09:54
Lucro do Banco do Brasil despenca e governo Lula culpa Congresso por inadimplência do agronegócio

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribui ao Congresso Nacional a responsabilidade pela acentuada queda no lucro líquido do Banco do Brasil no segundo trimestre deste ano. Apesar do resultado financeiro, a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, mantém a confiança do Palácio do Planalto, segundo aliados do presidente.

Divulgado nesta quinta-feira (14), o Banco do Brasil (BB) registrou um lucro de R$ 3,8 bilhões, o que representa uma redução de 60% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O aumento da inadimplência foi apontado como um dos principais fatores para essa queda.

Auxiliares de Lula argumentam que a expectativa de renegociação de dívidas por parte do agronegócio, após a aprovação de uma "pauta-bomba" na Câmara dos Deputados, que autorizou o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para esse fim, elevou a inadimplência. Essa expectativa de condições mais favoráveis para quitar débitos teria impactado o planejamento de pagamentos.

Em julho, a Câmara aprovou o crédito subsidiado para o agronegócio, em uma ação orquestrada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A votação ocorreu como uma retaliação após o veto presidencial ao aumento do número de deputados e a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de validar o aumento do IOF, contrariando uma deliberação anterior do Congresso.

A proposta original visava apenas pequenos produtores rurais, mas, com o apoio do centrão, foi modificada para permitir o refinanciamento de dívidas gerais do agronegócio com juros subsidiados, desviando recursos originalmente destinados à educação, saúde e habitação.

O texto da medida segue em tramitação no Senado, com um requerimento de urgência pronto para ser votado em plenário.

A queda no lucro do BB também é explicada pelo aumento na provisão para perdas esperadas (PDD), que atingiu R$ 15,9 bilhões, um crescimento de 104% em relação a 12 meses atrás. Esse cenário é consequência da alta inadimplência e de uma nova resolução do Banco Central, que exige que as instituições financeiras reservem os valores que preveem não receber, e não apenas os já inadimplidos.

O BB calculou um fluxo de perda esperada de R$ 7,9 bilhões provenientes do agronegócio, R$ 4,8 bilhões de pessoas físicas e R$ 4,3 bilhões de pessoas jurídicas.

O setor do agronegócio enfrenta um período de recuperações judiciais após um desempenho insatisfatório na safra de grãos mais recente. Nesse segmento, os atrasos de pagamento acima de 90 dias representam 3,49% do total, um aumento de 0,45 ponto percentual no trimestre e de 2,17 pontos percentuais no ano.

Aliados de Lula minimizam a possibilidade de que esses resultados financeiros levem à saída de Tarciana Medeiros da presidência do banco. Embora reconheçam a pressão de senadores para sua substituição, argumentam que o desempenho negativo não deve ser creditado a ela.

Congresistas indicam que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estaria interessado no cargo. No entanto, mesmo com a aproximação de Pacheco com o governo, integrantes da gestão federal acreditam que o desempenho financeiro do BB não deve apressar a saída da atual presidente.