Lula sofre 8 reveses de sua base aliada em menos de um mês

O governo Lula tem enfrentado uma série de reveses no Congresso, com oito derrotas em menos de um mês, originadas principalmente de sua base de apoio. Os episódios mais recentes incluem o rompimento da bancada do PDT e a aprovação, na Câmara, de um projeto que buscava suspender a ação penal de um deputado envolvido em atos golpistas.
A votação do caso do deputado Alexandre Ramagem (PL) expôs a união do centrão com a oposição, isolando o PT e a esquerda. Apesar do recado ser direcionado ao STF, a derrota representou mais um revés para o governo.
Apesar de o PDT ter uma bancada menor, sua saída representa um abalo à esquerda, em contraste com a instabilidade já observada à direita, como no caso Ramagem.
O governo enfrenta dificuldades com sua base, que se mostra volúvel e oscilante. Um dos primeiros sinais dessa instabilidade foi o requerimento de urgência para a votação do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, protocolado pela oposição com o apoio de deputados de partidos que ocupam ministérios no governo.
Outro episódio foi a recusa de Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) em assumir o Ministério das Comunicações, após um racha interno no partido. Apesar das ameaças de retaliação, o governo não tem força para prescindir do apoio do União Brasil.
Ainda em abril, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara rejeitou recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), com o governo alegando neutralidade, mesmo após a visita de ministros ao parlamentar durante sua greve de fome.
Simultaneamente, União Brasil e PP formalizaram uma federação no Congresso, em um evento com tom de oposição, apesar de ocuparem ministérios no governo. Críticas veladas e explícitas marcaram o evento, com destaque para figuras como o governador Ronaldo Caiado e os senadores Ciro Nogueira e Tereza Cristina, todos críticos a Lula.
A oposição também conseguiu apoio para instalar uma CPI para investigar suspeitas de descontos indevidos em benefícios do INSS, com o apoio de deputados de partidos da base governista.
No feriado de 1º de Maio, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, reiterou suas projeções políticas em tom de oposição, criticando o ministro Fernando Haddad e defendendo uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência.
A postura de Kassab ilustra a instabilidade da base governista, já que ele comanda um partido com ministérios no governo Lula e, ao mesmo tempo, é secretário de Tarcísio, potencial rival do petista em 2026.
Lula foi eleito com uma margem estreita e enfrenta um Congresso com maioria de centro-direita, o que o levou a formar uma aliança com o centrão. No entanto, a distribuição de ministérios não tem impedido traições e dificuldades.
Ao contrário de governos petistas anteriores, Lula enfrenta uma popularidade preocupante e um Congresso fortalecido pelo controle sobre as emendas, o que limita sua capacidade de retaliação e aumenta a instabilidade política.